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1º Trimestre de 2011 - Lição 08



Santo Estêvão é o primeiro mártir do Cristianismo, sendo considerado santo por algumas das denominações cristãs (católica, ortodoxa e a anglicana). É celebrado em 26 de Dezembro no Ocidente e em 27 de Dezembro no Oriente por tais denominações.

Segundo os Actos dos Apóstolos, Estêvão foi um dos sete primeiros diáconos da igreja nascente, logo após a morte e ressureição de Jesus, pregando os ensinamentos de Cristo e convertendo tanto judeus como gentios. Segundo Étienne Trocmé, Estevão pertencia a um grupo de cristãos que pregavam uma mensagem mais radical, um grupo que ficou conhecido como os helenistas, já que os seus membros tinham nomes gregos e eram educados na cultura grega e que separou do grupo dos doze apóstolos. Também eram conhecidos como o grupo dos 7. Foi detido pelas autoridades judaicas, levado diante do Sinédrio (a suprema assembleia de Jerusalém), onde foi condenado por blasfémia, sendo sentenciado a ser apedrejado (Act, 8). Entre os presentes na execução, estaria Paulo de Tarso, o futuro São Paulo, ainda durante os seus dias de perseguidor de cristãos.

O seu nome vem do grego Στέφανος (Stephanós), o qual se traduz para aramaico como Kelil, significando coroa - e Santo Estêvão é, de resto, representado com a coroa de martírio da cristandade, recordando assim o facto de se tratar do primeiro cristão a morrer pela sua fé - o protomártir.

Durante os primeiros século do cristianismo, o túmulo de Estêvão achou-se perdido, até que em 415 (talvez pela crescente pressão dos peregrinos que se deslocavam à Terra Santa), um certo padre, de nome Luciano, terá dito ter tido uma revelação onírica de onde se encontrava a tumba do mártir, algures na povoação de Caphar Gamala, a alguns quilómetros a Norte de Jerusalém.

Gregório de Tours afirmou mais tarde que foi por intercessão de Santo Estêvão, que um oratório a ele dedicado, na cidade de Metz, onde se guardavam relíquias do santo, foi o único local da cidade que escapou ao incêndio que os Hunos lhe deitaram, no dia de Páscoa de 451.

O culto de Santo Estêvão encontra-se associado à festa dos rapazes nas aldeias de Trás-os-Montes, integradas no ciclo de festividades do Solstício do Inverno, no período que decorre do dia 24 de Dezembro ao dia 6 de Janeiro, e que no passado pagão terão sido dedicadas ao culto do Sol, num ritual em que intervêm os caretos, as máscaras tradicionais do extremo nordeste de Portugal .




Quando a Igreja de Cristo é Perseguida

TEXTO ÁUREO

"Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós, por minha causa" (Mt 5.11).

VERDADE PRÁTICA

Apesar das perseguições contra a Igreja de Cristo, o evangelho torna-se, a cada dia, mais universal e influente. Nenhuma perseguição haverá de deter o avanço da Igreja

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 8.1-8
1 - E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos.

2 - E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto.

3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.

4 - Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.

5 - E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.

6 - E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia;

7 - Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.

8 - E havia grande alegria naquela cidade.

I. INTRODUÇÃO

Como uma luz brilhante é dolorosa aos olhos, assim a luz da santidade de Deus é dolorosa ao pecador, e ele procura esconder-se dela. O crente, posto no mundo como luz, traz dor ao mundo. Não pode haver outra reação contra ele senão a de rejeição, perseguição, amargura e ódio. Por isso nosso Senhor disse: "Se o mundo vos odeia [e o texto original implica que certamente odiará], sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim" (Jo 15.18). J. Dwight Pentecost, em seu livro ‘O Sermão da Montanha’, afirma: “O ódio é compreensível e, à luz da situação do mundo, é perfeitamente natural, lógico, e deve acontecer. O amor do crente ao mundo é tão anormal quanto o amor do mundo ao crente. O primeiro motivo que Cristo apresenta é: "Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia" (Jo 15.19). Quando disse "Se vós fosseis do mundo", estava dizendo: "Se extraísseis do mundo vossos padrões de vida; se modelásseis vossa conduta segundo os padrões do mundo; se recebêsseis inspiração do mundo", o mundo vos aprovaria, porque haveria unidade entre vós e o mundo. Se vossa vida girasse em torno do mundo, serieis aprovados. Visto como a vossa vida tem um novo padrão, um novo alvo, um novo centro, o mundo não entende”. Aquilo que não se pode compreender é de pronto rejeitado e o mundo interpreta esta atitude do crente em seguir padrões avessos ao comum como complexo de superioridade por parte do crente, daí o ódio que nos tem. Não aceita que haja algo de maior valor em conhecer a Jesus Cristo e que Cristo seja superior ao deus deste mundo. Entende mal e interpreta mal. O fato de a pessoa deixá-los é um testemunho do alto valor daquilo que a leva a abandoná-los. O indivíduo saiu do seio do mundo. Não podendo entender porque ele fez isso, o mundo o odeia. Boa aula!

II. DESENVOLVIMENTO

I. OS EFEITOS DA MORTE DE ESTÊVÃO

“Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra”. (At 8.4). Na perseguição iniciada com a morte de Estevão, a igreja em Jerusalém dispersou-se por toda a terra. Alguns chegaram até Damasco e outros até a Antioquia. Por qual motivo sobreveio então as perseguições? “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. (Mc 16.15). A partir desta perseguição, os cristãos fugiam, porém pregavam o evangelho e testemunhavam das maravilhas que Jesus operava. Os primeiros agentes da expansão missionária provavelmente foram os convertidos do dia de Pentecostes (At 2.9-11) que levaram o evangelho consigo quando voltaram para casa. As regiões alistadas no texto já indicam a larga gama de países do mundo de então. Uma segunda leva de "missionários" foram aqueles que foram espalhados por toda parte na perseguição que seguiu o martírio de Estevão (At 8.4). Estes foram pregando na Fenícia, em Chipre e em Antioquia, mas sempre aos helenistas. Um dos convertidos de Chipre e de Cirene (atual Líbia) pregaram aos helenos (gregos) em Antioquia. Como resultado da evangelização do eunuco por Filipe surgiu a Igreja na Etiópia (At 8.26-39).

1. Sobre Paulo.

Como jovem judeu, ele recebera educação ministrada aos jovens judeus de futuro e foi educado aos pés de Gamaliel.(Gamaliel é citado no discurso do apóstolo Paulo, em Atos dos Apóstolos 22:3, como sendo o seu mestre.Lucas, autor do Atos dos Apóstolos, em 5:34-39, refere-se a Gamaliel como um estudioso da Lei de Moisés. No episódio quando defende os apóstolos, a sua autoridade no Sinédrio foi tão grande que eles aceitaram o seu conselho. Nesta ocasião, quando Pedro e os outros apóstolos foram trazidos perante o Sinédrio, Gamaliel ilustrou a sabedoria de não se interferir na obra dos apóstolos, e então acrescentou: “Se este desígnio ou esta obra for de homens, será derrubada; mas, se for de Deus, não podereis derrubá-los... podereis talvez ser realmente achados como lutadores contra Deus.” — Atos 5:34-39.)Poucos podiam se orgulhar de ter mais instrução do que Paulo no que dizia respeito à educação religiosa judaica e poucos se aproveitaram tanto quanto ele da educação que recebeu (Fp 3.4-6). Se perguntarmos o que causou a conversão de Paulo, só existe uma resposta possível. O que sobressai na narrativa é a graça soberana de Deus através de Jesus Cristo. Paulo não se “decide por Cristo”, como poderíamos dizer. Pelo contrário, ele estava perseguindo Cristo. É melhor dizer que Cristo se decidiu por ele e interveio em sua vida. A evidência disso é inquestionável. Lucas o mencionou três vezes, sempre como feroz adversário de Cristo e sua igreja. Ele nos conta que, no martírio de Estevão, “as testemunhas deixaram suas vestes ao pés de um jovem chamado Saulo” (7.58), que “Saulo consentia na sua morte” (8.1), e que, em seguida, “Saulo assolava a igreja” (8.3), procurando cristãos casa por casa, arrastando homens e mulheres para a prisão. Agora, Lucas resume a história dizendo que ele estava respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor (9.1). Ele não tinha mudado desde a morte de Estevão; ele ainda estava na mesma condição mental de ódio e hostilidade. John Stott afirma que “Alguns dos termos que Lucas usa para descrever Paulo antes da sua conversão parecem ser deliberadamente escolhido para retratá-lo como “um animal selvagem e feroz”. O verbo lymainomai, cuja única ocorrência no Novo Testamento se encontra em 8.3, em referência à “destruição” que Saulo causou a Igreja, é empregada no Salmo 8.13 (LXX), em relação a animais selvagens destruindo uma vinha; o seu sentido específico é “destruição de um corpo por um animal selvagem”. Um pouco mais tarde, os cristãos de Damasco o descreveram como aquele que tinha causado um “extermínio” em Jerusalém (v. 21), onde o verbo empregado é portheo (como em Gálatas 1.13,23), que C.S.C. Williams, traduz “espancar”. Continuando a mesma imagem, J.A. Alexander sugere que a menção de Saulo “respirando ameaças e morte” (v. 1) era uma “alusão ao arfar e ao bufar dos animais selvagens”, enquanto que mais tarde, de acordo com Calvino a graça de Deus é vista “não apenas em um lobo tão cruel sendo transformado numa ovelha, mas também em ele assumir o caráter de um pastor”. Esse era o homem (mais animal selvagem do que ser humano) que em poucos dias seria alcançado pela graça. Não estava propenso a considerar as reivindicações de Cristo. Seu coração estava cheio de ódio e sua mente estava envenenada por preconceitos, estava “demasiadamente enfurecido” (At 26.11). “Aprouve” a Deus, escreveu Paulo, “revelar Seu Filho a mim”. John Stott continua: “Em primeiro lugar, a conversão de Saulo não foi, de maneira alguma, uma “conversão repentina”, como se diz muitas vezes. É certo que a intervenção final de Deus foi repentina: “Subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor” (v. 3), e uma voz se dirigiu a ele. Mas essa não foi a primeira vez que Jesus Cristo falou com ele. De acordo com a própria narrativa de Paulo, Jesus lhe disse: “Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões” (26.14). Com esse provérbio (que parece ter sido bastante popular na literatura grega e latina) Jesus comparou Saulo a um touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo. A implicação disso é que Jesus estava perseguindo Saulo, usando esporas e chicotes, e era “duro” (doloroso, até mesmo fútil) resistir [1].

2. Sobre a Igreja.

A missão da Igreja é proclamar de modo persistente e incessante a obra redentora do Calvário a todos os povos. Jesus disse: “[...] e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Entretanto, apesar dessa ordem e de já haver recebido o Espírito Santo no Pentecostes, a Igreja permaneceu limitada a Jerusalém, pelo menos até ao martírio de Estevão. A igreja estava muito concentrada no seu mundo cristão, que não justificava o poder através do derramamento do Espírito Santo, que eles tinham recebido. Para que houvesse a multiplicação da palavra de Deus, era necessário que alguma coisa de especial acontecesse. Foi aí que Deus permitiu aquela perseguição, para que o povo se espalhasse. Após a morte de Estevão (primeiro mártir da Igreja), houve “uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém” (8.1), de tal modo que os crentes tiveram que se dispersar. Os que “andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (v.4). A expressão “por toda parte” incluía regiões como a Fenícia, Chipre e Antioquia, muito além dos termos de Israel (At 11.19). Isso indica que a determinação do Mestre começou a ser cumprida segundo os termos da Grande Comissão. Certamente Deus permitiu tal perseguição com o intuito de retirar os discípulos do seu comodismo e inércia. A primeira reação contraria a expansão da igreja veio do judaísmo, que considerava a pregação cristã como um perigo ao ritualismo e a sua própria existência. Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estevão e, o levou a presença do conselho do sumo sacerdote, acusando de blasfêmia por ter feito uma eloqüente defesa da fé cristã, explicando como Jesus Cristo havia cumprido as antigas profecias referentes ao Messias que libertava seu povo do pecado e da escravidão. Assim tomaram a iniciativa do apedrejamento de Estevão, transformando-o no primeiro Mártir da fé cristã. Logo após a morte de Estevão tiveram lugar ao martírio de Tiago e a prisão do apóstolo Pedro, por determinação do governador Herodes. Esse fato deu início a uma onda de perseguição que levou muitos cristãos a abandonarem Jerusalém (At 8.1), iniciando-se assim a dispersão de muitos cristãos propiciando um crescimento maior e mais rápido da igreja: "Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus." (Rm 8.28).

II. QUANDO A IGREJA É PERSEGUIDA

Paulo alista "tribulações" como uma das bênçãos da salvação em Cristo. A palavra "tribulação" refere-se a todos os tipos de provações que podem nos afligir. Isto inclui a perseguição, maus tratos ou desprezo. Em meio a estas aflições, a graça de Deus nos capacita a buscar mais diligentemente a sua face e produz em nós um espírito e caráter perseverantes, que vencem as provações e as aflições da vida. É notável que a tribulação, ao invés de nos levar ao desespero e à desesperança, produz em nós a paciência, a paciência produz a experiência, e a experiência resulta numa esperança madura que não decepciona (Rm 5. 5).

1. Perseguição física.

O sofrimento não é novo na história do povo de Deus. Em Atos capítulo 8, a Igreja que amava a Jesus e se ajuntava em Jerusalém passou por uma de suas mais fortes provações. No primeiro verso deste capítulo Lucas nos diz que a Igreja era “perseguida”, utilizando aqui um vocábulo grego – diogmos - que significa um forte e visível ataque. Indicava que o sofrimento da Igreja nesta época de dispersão era perceptível por todos. Homens e mulheres eram mortos, outros encarcerados, famílias partidas ao meio e aqueles que conseguiam fugir deixavam para trás suas vidas e história. Esta “perseguição” era, portanto, um terrível sofrimento físico, visível e violento. No segundo verso Lucas nos diz que a Igreja “pranteava” a morte de Estêvão. O autor, inspirado, escolhe a expressão grega kopeton que significa a dor da alma, ou bater no peito para expressar este pranto. Mostra que esta Igreja se melancolizava pelo caos ao seu redor e, assim, não havia apenas dor no corpo, mas também na alma. Esta Igreja chorava de forma visceral a morte de Estevão, e tantos outros, sofrendo tanto física quanto emocionalmente. No terceiro verso somos levados a ler que Saulo “assolava” o povo de Deus, utilizando-se aqui a expressão elumaineto que possui a mesma raiz da usada em Jo 10.10 ligada à destruição da fé e das convicções quando se refere àquele que veio roubar, matar e destruir. Trata-se de um sofrimento espiritual quando os alicerces das convicções mais profundas são atacados. Estes três níveis de sofrimento descritos em contexto de perseguição em Atos oito (físico, emocional e espiritual) podem muito bem ilustrar as vias de dor da Igreja ao longo de sua história, bem como nos dias de hoje. Deve nos ensinar que:

-(1) seguir a Cristo – e mesmo fazê-lo com devoção e fidelidade – não isenta o crente do sofrimento;

-(2) em meio a estes sofrimentos não estamos sós, pois maior é Aquele que está em nós;

-(3) o sofrimento é uma oportunidade de se alicerçar a fé - daquele que é provado no dia mau – e de expressar amor e sincera solidariedade - por parte daquele que pode estender a mão [2].

2. Perseguição cultural.

Cultura traduz-se por totalidade daquilo que foi elaborado pela atividade humana na construção de um mundo próprio, exteriorizado na forma de instrumentos materiais (como as ferramentas), ou espirituais (como a linguagem e a religião). A cultura torna-se o próprio mundo do indivíduo, pois, ele a recebe, assimila, elabora e age nela desde o nascimento. A cultura adotada como padrão aceito pela maioria dos membros de uma sociedade, e que está inserida em suas leis e principais costumes é o que se chama ‘Cultura Oficial’ e tem a principal função de manter a regularidade do sistema, ou establishment, que são as instituições e culturas já estabelecidas. A Bíblia traça um perfil claro do que a igreja está destinada a ser, e narra a história primitiva da igreja em dois contextos culturais: a sociedade judaica da Palestina e a sociedade greco-romana do primeiro século. Na base deste testemunho bíblico a igreja em cada época enfrenta a tarefa de formar as estruturas que forem mais compatíveis com sua natureza e missão dentro da sua cultura específica. A cultura oficial, não importando sua origem, é uma cultura que exclui a Deus, que glorifica a auto-suficiência humana, que faz do homem a autoridade suprema e que se recusa a reconhecer a revelação de Deus em Jesus Cristo. O crente deve manifestar desprezo segundo Deus, ante a sabedoria humana e a cosmovisão secular (1Co 1. 18-31; 2.1-16; At 17.18; Rm 1.20-32; Cl 2.8; 2 Ts 2.10-12; 2 Tm 3.1-9; 2 Pe 2.1-3,7; Jd 4-19). O evangelho e a mensagem da cruz nunca devem ser acomodados à cultura, à filosofia, à ciência ou a qualquer outra forma de sabedoria humana (2.4,5; Gl 6.14). O cristianismo não se identifica por uma prática religiosa, mas sim pela observação dos mandamentos de Jesus, logo, o crente deve se preocupar com a construção de uma sociedade justa, igualitária e praticante dos bons valores. O papel da igreja é o de transformar a sociedade oprimida por sistemas injustos, através da pregação do Evangelho da salvação e da libertação. Não existe uma cultura cristã, pois o cristianismo não é uma sociedade secular, mas sim uma ekklesia, a reunião de um povo, por convocação (gr. ekkaleo), o conjunto do povo de Deus em Cristo, que se reúne como cidadãos do reino de Deus (Ef 2.19), com o propósito de adorar a Deus. Paulo assevera que devemos reconhecer que o presente sistema mundano é mau (Gl 1.4), e que está sob o controle de Satanás (Jo 12.31; 1Jo 5.19). Devemos resistir às formas prevalecentes e populares do proceder deste mundo e em lugar disso proclamar as verdades eternas e os padrões justos da Palavra de Deus, por amor a Cristo (1Co 1.17-24).

3. Perseguição institucional.

Amparada pela ‘lei’, a perseguição institucional velada está a pleno vapor. Leis aprovadas pelos Congressistas visam reprimir o avanço do evangelho e menosprezam os valores morais bíblicos. Não que a dita ‘bancada evangélica’ não esteja atenta, mas sabemos que vence a maioria e, infelizmente, esta maioria está subordinada à cultura oficial. Os interesses do Reino de Deus não coadunam com os interesses deste mundo, mesmo perseguidos, ainda que veladamente, devemos desprezar e aborrecer aquilo que é mau e permanecermos amando aquilo que é justo (1Jo 2.15-17; Hb 1.9). A Bíblia diz que no fim dos tempos os filhos de Deus serão perseguidos e odiados. Veja abaixo alguns PROJETOS DE LEIS brasileiras, que, SE APROVADOS, impedirão a nossa ação a favor do Evangelho no Brasil:

* Será proibido fazer cultos ou evangelismo na rua (Reforma Constitucional).

* Cultos somente com portas fechadas (Reforma Constitucional).

* As igrejas serão obrigadas a pagarem impostos sobre dízimos, ofertas e contribuições.

* Programas evangélicos na televisão apenas uma hora por dia.

* Pastor só poderá fazer programa de televisão, se tiver faculdade de 'jornalismo'.

* Será considerado crime pregar sobre espiritismo, feitiçaria e idolatria, e também veicular mensagem no rádio, televisão, jornais e internet, sobre essas práticas contrárias a Palavra de Deus.

* Pastores que pregarem sobre dízimos e ofertas, dependendo do número de reclamações, serão presos.

* Pastores que forem presos por pregar sobre práticas condenadas pela Bíblia Sagrada (homossexualismo, idolatria e espiritismo), não terão direito a se defender por meio de ação judicial.

* Igrejas que não realizarem casamento de homem com homem e mulher com mulher, estarão fazendo 'discriminação', poderão ser multadas e os pastores processados.

* Querem que o dia do 'Orgulho Gay' seja oficializado em todas as cidades brasileiras.


III. COMO ENFRENTAR A PERSEGUIÇÃO

Depois de instruir seus apóstolos nos métodos de efetuar a pregação, Jesus advertiu-os a respeito de opositores. Ele disse: “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos... Guardai-vos dos homens; pois eles vos entregarão aos tribunais locais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Ora, sereis arrastados perante governadores e reis, por minha causa.” Paulo escreveu: “Porque a vós vos foi concedida, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele” (Fp 1.29). Além do mais temos que nos lembrar que “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12). Por trás de toda a perseguição está o diabo o qual, não podendo mais atacar a Deus diretamente, procura atacá-lo perseguindo a Igreja. A graça de Deus nos capacita a olhar além dos nossos problemas presentes, nossa ardente esperança em Deus e a certeza garantida da volta do nosso Senhor para estabelecer a justiça e a piedade no novo céu e nova terra (1Ts 4.13; Ap 19-22). Entrementes, enquanto estivermos na terra, temos o amor de Deus derramado em nosso coração pelo Espírito Santo a fim de nos consolar em nossas provações e trazer até nós a presença de Cristo (Jo 14.16-23).

1. Evangelizando e fazendo missões.

No início da narrativa de Atos, antes de pentecostes, Lucas esclarece que havia apenas cento e vinte pessoas que pertenciam à assembléia dos santos. Depois da descida do Espírito são convertidos quase três mil pessoas após a pregação de Pedro. Não é mais um pequeno grupo, mas uma grande multidão que cresce a cada dia. A igreja começa a crescer rapidamente de um modo que as pessoas ficam pasmas. Eles podem ver a obra grandiosa do poder de Deus na vida daquelas pessoas. A obra do Senhor começa a se espalhar em toda Jerusalém e que depois chegaria até aos confins da terra. É o evangelho sendo pregado pelo mundo inteiro. Porque o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.17). “o sangue dos mártires é a semente da igreja” - Isso foi dito por Tertuliano, que veio da igreja do Norte da África, igreja que foi dissipada. Se procurássemos a igreja mais saudável nos anos 400 e 500, olharíamos para o que chamamos de Tunísia e Algéria; o norte da África. Foi a terra de Agostinho. Depois, os árabes, os muçulmanos, chegaram. Eles conquistaram Cartago em 698 d.C. e aos poucos, o evangelho foi sendo sufocado e o número de crentes reduzido a quase nada. A nota principal da Igreja Copta (a igreja cristã do Egito, Etiópia e Eritréia), hoje, é a da perseguição por amor da justiça: uma igreja sacrificada pelos imperadores romanos pagãos, pelos imperadores cristãos e pelos árabes, quando o Islamismo conquistou o Egito. O martírio continuou até nossos dias. Em fins do século 20, os coptas têm sofrido forte opressão, tidos como estrangeiros em seu país, quando, na verdade, são os verdadeiros egípcios. O século XIX ficou conhecido como o "grande século do esforço missionário": Robert Morrison - estudou o mandarin e deixou um dicionário e uma Bíblia para os missionários, o que aconteceu em 1858; Charles Handon Spurgeon - Foi o mais proeminente pregador da Inglaterra em meados do século XIX. É conhecido como o príncipe dos pregadores; Dwight L. Moody - considerado um dos grandes evangelistas ele ajudou a fundar a sociedade de evangelização de Chicago em 1886 e no outono de 1889 surgiu o Instituto Bíblico Moody que teve como alunos em 1949 Billy Grahan e Samuel Doctorian; Hudson Taylor -- A china teve um progresso missionário com a sua presença. Rompeu com as tradições missionárias da época iniciando um trabalho pioneiro em missões transculturais, levou muitos camponeses a Cristo; Robert Reid Kalley e sua esposa Sara Poulton Kalley -- O protestantismo começou a arraigar-se e crescer no Brasil com a chegada de Kalley no Rio de Janeiro em 10/05/1855. Neste ano é inaugurada a Escola Dominical em Petrópolis pelo casal. No dia 11/07/1858 Pedro Nolasco de Andrade tornou-se o primeiro brasileiro batizado no Brasil na Igreja Evangélica Fluminense, onde Kalley era pastor, na época a igreja contava com 13 membros, 8 portugueses, 4 anglo-saxões e 1 brasileiro. Em 1868 a igreja alcançou 360 membros, uma segunda Igreja congregacional foi organizada em Recife no ano de 1873; Simonton -- chegou ao Brasil no dia 12/08/1859 e em 1862 fundou a primeira Igreja Presbiteriano no Rio de Janeiro; Willian Buck -- chegou ao Brasil em 1881 e no seguinte fundou a primeira igreja batista no Brasil em Salvador; Daniel Berg e Gunnar Vingren chegam a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.

2. Apresentando uma apologia de nossa fé.

Se perguntarmos à maioria das pessoas a razão por que crêem, muitas delas teriam dificuldade de oferecer uma base sólida para sua opinião. De modo geral, as convicções pessoais referem-se à lealdade a uma herança ou a uma tradição específica. É surpreendente notar o quanto a fé fundamenta-se na submissão a uma instituição, a um partido político, a uma igreja, ou a um sistema religioso, mas não em fatos. Muitas vezes a fé religiosa é mais uma demonstração de lealdade aos pais, ao sacerdote, ou ao pastor, do que uma convicção real fundamentada em evidência sólida[3]. Prontidão para confessar Cristo é um importante aspecto em colocar Cristo como Senhor. Essa prontidão é inclusive para a resposta a questionamentos abusivos e zombeteiros de pessoas hostis à mensagem do evangelho. Nessa defesa apologética inclui uma explanação dos pontos principais da fé cristã. No dizer de Pedro, devemos sempre estar dispostos a defender a causa de Cristo e a explicar o evangelho aos outros (Is 8.13). Assim sendo, devemos conhecer a Palavra de Deus e a sua vontade, a fim de testemunhar corretamente de Cristo e levar outras pessoas a Ele (Jo 4.4-26).

3. Conservando nossa identidade como povo de Deus.

O crente não deve ter comunhão espiritual com aqueles que vivem o sistema iníquo do mundo (Mt 9.11; 2Co 6.14) deve reprovar abertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11), deve ser sal e luz do mundo para eles (Mt 5.13,14), deve amá-los (Jo 3.16), e deve procurar ganhá-los para Cristo (Mc 16.15; Jd 22,23). Nós os cristãos estamos unidos não só por nosso compromisso com Jesus Cristo, como também por nosso compromisso com a igreja de Jesus Cristo. Precisamos ter a mesma perspectiva da igreja que Jesus tinha, e redescobrir a visão de uma igreja viva, renovada pelo Espírito Santo, tal como foi nos seus primeiros tempos. Ricardo Cotta em seu livro ‘Defendendo a Igreja Evangélica’, faz o seguinte questionamento: QUE TIPO DE PESSOAS SÃO OS EVANGÉLICOS? São pessoas como qualquer outra, com qualidades e defeitos, com alegrias e tristezas, sujeitas a doenças e à morte. São chamados também de crentes ou protestantes. Em geral não têm vício de jogos, não fumam, não traficam nem usam drogas. Não bebem bebidas alcoólicas ou quando fazem uso, o fazem com moderação: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Normalmente não roubam, não matam nem se suicidam. Não são homossexuais, não se prostituem e procuram não adulterar, apesar de ocorrerem alguns casos. Procuram ser honestos e corretos em todos os seus negócios: “Dois pesos e duas medidas uns e outras são abomináveis ao Senhor” (Pv 20.10). O evangélico procura agir da maneira citada, apesar de falhar muitas vezes. Quando falha, o Espírito Santo o incomoda a reconhecer o erro, arrepender-se e mudar de atitude. Não pode haver outra reação contra o crente senão a de rejeição, perseguição, amargura e ódio. Por isso nosso Senhor disse: "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim" (Jo 15.18).


III. CONCLUSÃO

Como uma luz brilhante é dolorosa aos olhos, assim a luz da santidade de Deus é dolorosa ao pecador, e ele procura esconder-se dela. O crente, posto no mundo como luz, traz dor ao mundo. Não pode haver outra reação contra ele senão a de rejeição, perseguição, amargura e ódio. Deixando o sistema do mundo e aceitando o padrão da Palavra de Deus, dizemos ao mundo: "encontrei em Cristo algo superior a tudo quanto tens." Não há necessidade de empregar palavras, pois a própria rejeição das coisas da velha vida e aceitação da nova com seus alvos e padrões, é testemunho silencioso de que encontramos algo superior. O mundo interpreta esta atitude como complexo de superioridade de nossa parte, daí o ódio que nos tem. Não aceita que haja algo de maior valor em conhecer a Jesus Cristo e que Cristo seja superior ao deus deste mundo. Entende mal e interpreta mal. O fato de a pessoa deixá-los é um testemunho do alto valor daquilo que a leva a abandoná-los. O indivíduo saiu do seio
do mundo. Não podendo entender porque ele fez isso, o mundo o odeia.

1º Trimestre de 2011 - Lição 07

Assistência Social, Um Importante Negocio

TEXTO ÁUREO

"E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha." (At 4.35).


VERDADE PRÁTICA

Embora a oração e a proclamação da Palavra de Deus sejam as prioridades máximas do ministério cristão, não podemos esquecer-nos das obras de misericórdia



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 6.1-7
1 - Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.

2 - E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.

3 - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

4 - Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.

5 - E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;

6 - E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.

7 - E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.




COMENTÁRIO


I. INTRODUÇÃO


Neste domingo, como no anterior, trataremos de um assunto pouco difundido em nossas igrejas e do qual temos poucas referências explicativas nas Escrituras, porém não é necessário explanar acerca da sua importância, já que sua origem está intrinsecamente relacionada com o crescimento vertiginoso da Igreja Primitiva e devido ao desenvolvimento da Igreja aparece como função de apoio aos Presbíteros de cada cidade. Devido às várias interpretações que se deu ao tema, é necessário traçar uma linha direta para o bom funcionamento desta função (responsabilidade). Quanto à sua origem, João Calvino assevera: “Ainda que o nome de diácono tenha um sentido mais amplo, não obstante a Escritura chama especialmente diáconos aqueles que são constituídos pela igreja para distribuir as esmolas e cuidar dos pobres, como seus procuradores. A origem, a instituição e o cargo dos diáconos lhes refere são Lucas nos Atos dos Apóstolos (At 6,3). A causa foi as queixas dos gregos contra os hebreus, porque não eram levadas em conta as viúvas no serviço dos pobres. Os apóstolos, alegando não poderem cumprir por vez com dois ofícios, pedem ao povo que eleja sete homens de boa vida, para que se encarreguem disto. Eis aqui a missão dos diáconos no tempo dos apóstolos, e como devemos ter-lhes conforme o exemplo da Igreja primitiva” [1]. Pela natureza da palavra e o contexto da função, se vê que os diáconos cumpriam uma função de serviços secundários, ajudando aos Presbíteros numa localidade. Se bem que a palavra diácono também é aplicada a outros homens. Nesse caso refere-se mais ao espírito de serviço, porque a Cristo também se chama desta maneira. Naturalmente, temos dificuldade em exercer uma Ação Social eficiente, e esta dificuldade vai além de nossa Igreja, alcança outras denominações, pois hoje menos de5% das igrejas estão alinhadas ao novo conceito de Missões chamado Missão Integral, que é o cuidado com o indivíduo total, corpo, alma e espírito. Esta dificuldade transcende a nossa história, pois até o final do século 14, o movimento cristão protestante não tinha uma visão fragmentada da responsabilidade geral da igreja com a sociedade. Evangelismo e trabalho de transformação do mundo não eram vistos como frentes de trabalho incompatíveis uma com a outra. Não podemos abdicar de nossas responsabilidades, e esta lição veio no momento certo para nos acordar para este ministério da Igreja, tão esquecido, mas que foi posto à nossa responsabilidade pelo Senhor: “dá-lhes vós de comer”. Boa aula!


II. DESENVOLVIMENTO


I. AS DORES DO CRESCIMENTO


O vertiginoso crescimento da igreja desde a descida do Espírito Santo, nos primeiros séculos, é instigante e motivador. Podemos contemplar na narrativa de Lucas o Poder do Espírito Santo operando em cada um dos seus 28 capítulos. Este crescimento nos inspira a buscar e descobrir as estratégias para se alcançar este objetivo. Temos observado até esta lição que aquela igreja não possuía nenhum tipo de inovação ou algo semelhante, mas, simplesmente, os crentes se colocaram à disposição de Deus para trabalhar dentro do contexto de sua época. Se quisermos também alcançar êxito como eles, é exatamente isso que precisamos fazer hoje; “E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto de homens como mulheres, agregados ao Senhor” (At 5.14). “O crescimento da Igreja compreende aspectos internos no desenvolvimento de suas atividades, relacionados à sua forma de governo, sua estrutura financeira, sua liderança, o tipo de atividades em que investe seu tempo e recursos, e sua celebração cultual. Todos estes fatores formam um conjunto orgânico que dá sustentação ao crescimento. Esta verdade podia ser vista nessa igreja, que aprendeu bem cedo, logo em seus primeiros passos, a adquirir uma identidade própria”. [Pr. Advanir Alves Ferreira]

1. A urgência da assistência social.
O crescimento diaconal também pode ser chamado de encarnacional. Esta dimensão abrange aspectos internos-externos, gerando um crescimento saudável da igreja. Este crescimento é visto como "a intensidade do serviço que a igreja presta ao mundo, como prova concreta do amor de Deus. Esta dimensão envolve o impacto que o ministério reconciliador da igreja exerce sobre o mundo, o seu grau de participação na vida, conflitos, temores e esperanças da sociedade e à medida que seu serviço ajuda e alivia a dor humana a transformar as condições sociais que têm condenado milhões de homens, mulheres e crianças à pobreza". Sem esta característica (serviço) a igreja perde sua autenticidade e credibilidade como agência do Reino de Deus neste mundo, pois "somente na medida em que consiga tornar visível e concreta a sua vocação de amor e serviço, ela pode esperar ser escutada e respeitada". O crescimento da igreja tem de estar vinculado ao serviço ou amor ao próximo. O apóstolo Tiago, falando sobre o papel social da igreja, afirma que a fé sem obras é morta (2.17). A Igreja está no mundo para ser social, ou seja, evangelização e responsabilidade social caminham de mãos dadas. Isto é fundamental no Crescimento Integral do Corpo de Cristo. É hora de uma conscientização social em nossas igrejas. O aspecto interno da igreja tem de gerar atitudes práticas para com o próximo. A Igreja Primitiva cantava, orava, pregava a Palavra, mas vivia a dimensão diaconal - repartia o pão. Desta forma, os pastores e lideranças em geral das Igrejas Locais poderão lançar projetos sociais junto às suas comunidades. Neste sentido, a igreja tem de ser liberal. [Pr. Advanir Alves Ferreira]

2. A murmuração dos gregos.
Desde o cativeiro babilônico (605 a. C.), quando Nabucodonosor levou cativa a primeira leva de judeus para a Caldéia, muitos deles nunca mais retornaram à sua terra, exceto um pequeno grupo com Zorobabel, para a reconstrução do Templo e depois outras levas com Esdras e Neemias (Ed 2.1; 7.1-7; Ne 2.9). A maior parte permaneceu espalhada pelas nações, onde eles já estavam. Os hebreus eram nativos da Palestina e falavam hebraico (ou aramaico) em vez de grego. Os helenistas (do grego helenistikoi) eram judeus do mundo greco-romano, oriundos da diáspora e falavam grego. Muitos preferem chamá-los de ‘judeus gregos’, diferentes dos hebraioi, ‘judeus palestinenses’ ou ‘aramaicos’. Havia uma tensão constante entre estes dois grupos – os aramaicos olhavam com reservas para os helenistas, por estes habitarem fora da Eretz Israel. A presença e o poder do Espírito Santo não garantem automaticamente que as dificuldades da vida desaparecerão [como é amplamente alardeado em muitas pregações, inclusive em nossos púlpitos]. É necessário que os crentes discutam suas diferenças e peçam a Deus soluções sábias para extinguir as querelas que inevitavelmente surgem no seio da igreja. O AT requeria cuidado pelos pobres e necessitados. Os necessitados e aflitos do povo de Deus são objetos do seu cuidado especial. Eles têm de Deus a promessa de que não os abandonará que Ele se lembrará das suas orações, e que as suas esperanças serão um dia realidades (Sl 9.18). Esta solicitude é vista na ação social que acontece em At 2.44-45; 4.34-37. Aqui o velho problema da discriminação tinha emergido: as viúvas dos judeus-gregos (ou de fala grega) eram consideradas estrangeiras pelos judeus nativos e assim não estavam recebendo sua porção na distribuição de alimentos, provavelmente derivada em parte da generosa doação de At 4.34-37.



II. A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO


Havia uma antiga rivalidade entre os helenistikoi e os hebraioi e embora pertencessem a uma nova comunidade, onde Jesus havia abolido qualquer barreira de preconceito (Ef 2.14-17), ainda havia uma tensão cultural entre eles, fato materializado no ‘desprezo’ com o qual as viúvas helenistas eram tratadas. Para solucionar essa questão, ‘os Doze’ (At 6.2) [essa é a primeira vez que os termos ‘os doze’ para designar os apóstolos e ‘discípulos’ para designar os crentes aparece em Atos], convocam a multidão em assembléia para tomar uma decisão que poria fim à pendenga entre os irmãos. A liderança seguiu o modelo determinado por Jesus (Mt 18.15-17).

1. A participação da Igreja nas decisões.
Esta solene convocação da multidão dos discípulos revela-nos que há decisões na congregação que demandam assembléias e tomadas de decisão em conjunto com todos os crentes, nos moldes dos congregacionais. O regime de governo eclesiástico conhecido como Congregacional é um sistema onde cada congregação local é autônoma e independente. A igreja local possui autonomia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e seleção de seu ministério. O Congregacionalismo está baseado nos seguintes princípios: Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia, que é a autoridade decisória final do governo de cada igreja local. Não existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que uma Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de Igreja. As igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são interdependentes e estão intercomprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão. Por isso, se organizam em Concílios, Sínodos ou Associações. Entretanto, essas organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço delas. O Congregacionalismo é o regime de governo mais comum em denominações como Anabatistas, Igreja Batista, Discípulos de Cristo, Igreja de Cristo no Brasil e obviamente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional. Quanto ao sistema adotado pelas igrejas AD, é difícil fazer uma análise da forma de governo adotado por não se moldar aos paradigmas observados ao longo da história e destacados na literatura. Em sua tese de Doutorado em Sociologia "Protestantes e Política no Brasil", Paul Freston apresenta uma visão histórico-sociológica do pentecostalismo brasileiro e, particularmente, da Assembléia de Deus. Nesse trabalho (publicado no livro "Nem Anjos nem Demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo"), o pesquisador agrega informações e publica suas conclusões sobre o "modelo de governo assembleiano". Afirma esse Autor: "O sistema de governo da AD pode ser caracterizado como oligárquico e caudilhesco. Surgiu para facilitar o controle pelos missionários e depois foi reforçado pelo coronelismo nordestino. A AD, na realidade, é uma complexa teia de redes compostas de igrejas-mães e igrejas e congregações dependen­tes. Cada rede não habita necessariamente uma área geográfica contígua, o que dá margem a controvérsias constantes sobre 'invasão de campo'. O pastor-presidente da rede é, efetiva­mente, um bispo, com talvez mais de cem igrejas e uma enorme concentração de poder." (FRESTON, p. 86). Na defesa de sua tese, Freston recorre ao pensamento de Judith Hoffnagel (autora de uma tese de doutoramento na Indiana University/EUA, intitulada: "The Believers: Pentecostalism in a Brazilian City") segundo a qual "embora aconselhado pelo ministério, o pastor-presidente permanece a fonte última de autoridade em tudo... assim como o patrão da sociedade tradicional que, mesmo cercado de conselheiros, maneja sozinho o poder." Em síntese, para Freston, na visão estratégica do governo 'oligárquico e caudilhesco' assembleiano, "esse sistema de feudos é uma forma de manter o crescimento da igreja como um todo sem tocar na estrutura do poder. Como todo modelo, ele possui vantagens e desvantagens, pontos fortes e fracos." ‘Os Doze’ seguiram um modelo determinado por Jesus, convocando a multidão dos discípulos para a tomada de decisão que influenciaria a vida da Igreja. Acredito que este modelo deveria ser perseguido bem de perto a fim de se evitar o ‘sistema de governo hereditário’ e oligárquico apresentado na maioria das nossas convenções.

2. O ministério diaconal.
Embora o nobre comentarista afirma que a palavra ‘diácono’ não aparece no capítulo 6 de Atos, acredito ser importante mencionar que a diakonia, ‘ministério’ ou ‘serviço’, é o termo usado no verso 1 (ministério cotidiano) e no 4 (ministério da palavra), não restando dúvida da instituição da função nesta perícope e aponta para um único valor de ambos os serviços. O normal de cada igreja é que seja composta de “bispos e diáconos” (Fp 1.1). Como é instrutivo ver estes irmãos servindo a todo tempo! Eles servem quando a igreja está reunida ou no dia a dia; seja em serviços matérias ou em serviços espirituais; eles servem entre os crentes e entre os descrentes, ou seja, a Diaconia é exercida por alguém que usa seus dons espirituais para fazer os serviços que Deus designou para que ele faça, na vida diária da igreja ou nas reuniões; no ministério da Palavra ou na pregação do Evangelho; em serviços materiais ou em serviços espirituais. No pensamento de Paulo, que tinha opinião formada a respeito desses oficiais da igreja extraída da tradição religiosa judaica, uma vez que as sinagogas mantinham diversos desses obreiros, portanto, suas referencias a esse ofício passam obrigatoriamente pela ótica judaica. Nas cartas de Paulo são estabelecidas duas listas de qualificações – um para presbíteros, outra para diáconos – tecendo comentários minuciosos sobre cada ofício. Sobre isso, Berkhof comenta que além dos presbyteroi, citados por Paulo em suas cartas, são mencionados os diakonoi no NT (Fp 1.1; 1Tm 3.8,10,12). Cito aqui que há também quem discorde da instituição da diaconia em At 6, afirmando que os termos utilizados ali referem-se a um oficio geral, em que as funções dos presbíteros e dos diáconos foram combinadas. Quando Timóteo esteve em Éfeso, Paulo deu instruções acerca de presbíteros e também de diáconos e de diaconisas. A questão da existência de diaconisas nas igrejas ainda hoje é controversa em algumas denominações cristãs. É bem verdade que as mulheres têm assumido maciçamente essa função dentro das igrejas. No entanto, alguns teólogos insistem no argumento que os textos bíblicos não apóiam tal nomeação. Segundo eles, as mulheres que aparecem na lista, em 1Tm, são esposas de diáconos e não diaconisas. Mas não temos somente este texto como referência. Assim, para falarmos sobre “diaconisas”, pela visão paulina, quero tomar inicialmente o texto de Romanos 16.1, que diz: “Recomendo-vos, pois Febe, nossa irmã, a qual serve [diákonon] na igreja que está em Cencréia” (ARC, grifo meu) Eis um texto onde a figura feminina surge distinta do comentário apostólico sobre cargos e ofícios. Febe é mencionada na prática de uma função — no caso é dito que ela age como uma serva, isto é, ela serve a alguém. Nesta passagem Stamps reconhece o caráter implícito do diaconato em Febe, creditando a ela o título de diaconisa. O que poderíamos dizer ainda sobre o trabalho desenvolvido por nossas irmãs?



III. ASSISTÊNCIA SOCIAL, UM IMPORTANTE NEGÓCIO


“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Praticar boas obras é algo inerente à caminhada cristã. Especialmente as que estão ligadas à assistência social, que o Novo Aurélio define como: Serviço, de natureza diversa, que atende àqueles que não dispõem de recursos suficientes. A ética de Jesus preserva e torna mais exigentes os requisitos da Lei, revelando a sua intenção mais profunda (Mt 5.17,20). A prática do bem deve estender-se também aos que não pertencem à família de Deus (Mt 5.43-45; 6.1-4). Essas passagens mostram que as motivações dos discípulos de Cristo devem ser a imitação de Deus e a reverência para com ele. Outra motivação fundamental é o amor altruísta expresso no serviço desinteressado e até mesmo sacrificial, conforme exemplificado pelo próprio Cristo (Mc 10.45; Jo 13.12-15).

1. O “importante negócio”.
“Ação social cristã” é uma expressão imprecisa e genérica. Precisamos dar-lhe um conteúdo, dizer o que entendemos por ela. Uma tentativa de definição seria afirmar que consiste em toda atividade de cristãos individuais ou da igreja coletivamente no sentido de suprir necessidades materiais das pessoas, aliviar o sofrimento humano, atenuar ou eliminar males sociais que afligem indivíduos, famílias, comunidades e até mesmo a sociedade como um todo. Essa ação social é especificamente cristã, pois responde a motivações e princípios diretamente relacionados com as Escrituras e com o evangelho de Cristo. O objetivo da ação social cristã é proporcionar às pessoas e comunidades condições de vida mais condignas, o suprimento básico das carências humanas fundamentais no plano material (moradia, alimentação, saúde, educação, trabalho). Quanto à sua amplitude de atuação, a ação social pode ir desde o atendimento de necessidades emergenciais, muitas vezes chamado de assistencialismo, até aquela atuação mais ampla que visa resolver os problemas de modo mais permanente e profundo. Um exemplo disso seria não somente fornecer alimento para uma pessoa ou família, mas proporcionar-lhe meios de educação, capacitação profissional e oportunidade de trabalho para que ela mesma possa ganhar o seu sustento, libertando-se da dependência externa. O objetivo mais elevado e complexo da ação social cristã seria a transformação das estruturas sociais e econômicas do país, visando à eliminação das causas da pobreza, a correção das injustiças sociais, a melhor distribuição de renda e assim por diante. Nesse último caso, os cristãos e as igrejas precisam atuar junto ao poder público, a classe política e as diferentes instituições da sociedade. [2].

2. Servindo à Igreja de Cristo.
Devido às circunstâncias difíceis em que viviam os primeiros cristãos, o Novo Testamento dá mais ênfase ao serviço cristão voltado para os irmãos na fé. Mas fica implícito que a prática de beneficência devia aplicar-se também aos de fora. A história da igreja mostra que foi exatamente isso que os cristãos fizeram, desde o princípio. Cristo proferiu muitos ensinos sobre a prática da justiça e da misericórdia (Mt 5.6-7; 19.21; 23.23), especialmente através de suas parábolas (Mt 25.34-40). Acima de tudo, ele exerceu misericórdia, socorrendo continuamente os sofredores (Mt 4.23; 9.2,6,36; 12.9-13; 14.14,19; 15.30). À guisa do AT, Jesus insistiu que meras palavras e atos externos de religiosidade não são suficientes na vida com Deus (Mt 7.21-23), e sim os frutos, a prática da fé (vv. 16-20,24). Lucas dá uma ênfase especial aos sofredores, aos excluídos, aos membros mais frágeis da sociedade, como as mulheres, as crianças, os enfermos e outras categorias. Diversas parábolas e episódios do ministério de Jesus que revelam o seu interesse pelos marginalizados são exclusivos do terceiro evangelho (o filho da viúva de Naim: 7.11-15; a mulher com hemorragia: 8.43-48; o bom samaritano: 10.29-37; o filho pródigo: 15.11-24; os dez leprosos: 17.11-19). Lucas também arroja-se sobre a temática ‘pobreza e riqueza’ (1.52-53; 4.18-19; 6.20-21,24; 12.13-21; 14.12-14; 16.19-31). De igual forma, a temática social continua presente no segundo tratado, Atos dos Apóstolos mostra como a vida da comunidade cristã original era caracterizada pelo compartilhamento dos bens de modo igualitário, ainda que esse não fosse um modelo para todos os tempos e lugares, apontava para a importância da solidariedade e generosidade entre os seguidores de Cristo. O discurso de Pedro na casa de Cornélio destaca a prática da misericórdia no ministério de Jesus (10.38). Já no seu nascedouro a igreja sentiu a necessidade de estruturar as suas atividades caritativas através da eleição de homens especialmente voltados para esse ministério (At 6.1-6). É patente também, a preocupação de Paulo com a beneficência cristã. Um tema que ocupa bastante espaço em algumas de suas cartas é a oferta levantada por ele junto às igrejas gentílicas para os crentes pobres de Jerusalém (1 Co 16.1-4; 2 Co 8.1-9.15; Rm 15.25-28; At 24.17; Gl 2.10). A seção prática de suas epístolas contém muitos ensinos sobre o serviço cristão e exortações ao mesmo (Rm 12.8,13,17,20; 1 Co 11.22; 12.28; 16.15; Gl 6.2,9-10; Fp 4.10-19; 1 Ts 4.9-12; 2 Ts 3.6-15; 1 Tm 6.17-19; Tt 3.8). As epístolas gerais igualmente possuem diversos preceitos nessa área (Hb 13.1-3; 1 Pe 4.9-10; 1 Jo 3.17-18). A carta de Tiago, devido ao ser caráter prático e seu teor veterotestamentário, aborda a temática social de modo muito insistente (1.9-11,27; 2.1-7,15-17; 5.1-6).


III. CONCLUSÃO

A lição mostra que os apóstolos sabiam delegar as tarefas. Infelizmente, hoje, há uma liderança centralizadora na maioria das igrejas e não permitem que outros façam algo em prol da igreja e do próprio líder. Muitos líderes se sobrecarregam com funções que poderiam ser divididas e confiadas à homens fiéis no desempenho da Diaconía, o que acarretaria num maior tempo para dedicar-se ao ofício dos Presbyteroi. O Homem por mais capacitado que seja, não exercerá a contento as diversas funções. Por isso Deus permitiu que fossem escolhidos sete discípulos, os quais serviriam às mesas, enquanto os apóstolos se dedicariam ao estudo e a meditação das Escrituras, a fim de que estivessem em condições de ministrar o ensino bíblico.

1º Trimestre de 2011 - Lição 06

A Importância da Disciplina na Igreja



TEXTO ÁUREO

"Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça." (Hb 12.11).


-VERDADE PRÁTICA

A essência da disciplina é o ensino e o seu objetivo é levar-nos a andar de acordo coma vontade de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 5.1-11

1 - Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,

2 - E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.

3 - Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?

4 - Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.

5 - E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.

6 - E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.

7 - E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.

8 - E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.

9 - Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.

10 - E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido.

11 - E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.



OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

- Reconhecer que a disciplina é uma prova do amor de Deus;

- Explicar a necessidade da disciplina, e

- Saber que todo ato gera uma conseqüência.


I. INTRODUÇÃO


[*] Na maioria das Igrejas protestantes, são apenas dois os sacramentos, que são o Batismo e a Eucaristia (Santa Ceia). Martinho Lutero definiu sacramento como um elemento, uma coisa material, que através da palavra de Deus, vira uma coisa diferente. Não no sentido material, pois água continua a ser água e pão continua pão, mas pela promessa divina é atribuido um poder vinculado a essa matéria. Muitos protestantes vêem os sacramentos apenas "como sinais que estimulam a fé". Na maioria das igrejas evangélicas os dois sacramentos são: batismo e a santa ceia. As igrejas anglicanas tem normalmente sete sacramentos, mas consideram a Santa Ceia e o Batismo como os principais. Há ainda algumas denominações protestantes como os Quakers que negam qualquer instituição de sacramentos por Jesus Cristo. Várias igrejas evitam a palavra sacramento, porque ela está associada a prática sacerdotal católica.



II. DESENVOLVIMENTO


I. A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE


1. Definindo a disciplina.

Antes de definir o significado de ‘disciplina’, é sumariamente necessário esclarecer que ela não deve ser confundida com ‘castigo’. Essas duas palavras necessitam de uma definição cuidadosa. ‘Castigo’ provém do latim castus (puro, casto), e está relacionado com castidade. O castigo é corretivo e seu propósito envolve misericórdia. Seu significado está claramente descrito em Hebreus 12.5-11. O castigo se apresenta ali como evidência do amor e interesse do Pai por seus filhos ao corrigi-los. Castigo sem disciplina é ineficaz. ‘Disciplina’ – do Latim discipulus, ‘aquele que aprende’, do verbo discere, ‘aprender’. De discipulus veio disciplina, ‘instrução, conhecimento, matéria a ser ensinada’. Gradualmente se agregou um novo significado, o de ‘manutenção da ordem’, que é necessária para fornecer instrução. É instrução e direção para um estilo de vida ordenado que chega a se tornar uma segunda natureza para a pessoa envolvida [como sou militar, nesta minha área, por exemplo, a disciplina é considerada uma qualidade a ser perseguida pelos soldados, com o objetivo de torná-los aptos a não se desviarem de uma conduta padrão, desejável para o bem comum da tropa, mesmo em situações de pressão extrema]. Segundo a Palavra de Deus, a disciplina é para purificação. Há ainda, uma outra definição para o termo que vem da palavra grega que quer dizer ‘uma mente sã’. Assim ‘disciplinar’ é ‘consertar os pensamentos’ da pessoa que não está pensando certo de forma a corrigir a sua atitude e colocá-la no caminho correto. Deus quer que seus filhos pensem e ajam conforme a Sua ordem. Deve ser claro que o elemento principal na disciplina não é o castigo. Geralmente este processo traz tristeza e dor, mas depois, quando a lição é entendida, traz alegria e ‘fruto de justiça’ (Hb 12.11). Podemos usá-lo para referir-nos a uma área de ensino, ao exercício da ordem, ao exercício da piedade ou a medidas corretivas no seio da igreja. A disciplina do Senhor tem dois propósitos:

- que não sejamos, por fim, condenados com o mundo (1Co 11.31,32), e

- que compartilhemos da santidade de Deus e continuemos a viver uma vida santificada, sem a qual nunca veremos o Senhor (1Pe 1.15,16).

2. A disciplina no Antigo Testamento.

Desde Gênesis até Apocalipse vemos que o nosso Deus é Deus de ordem. Seja com o Seu povo Israel ou com a sua Igreja na terra, Ele tem revelado um padrão para o comportamento do Seu povo. Este padrão é para o nosso bem e para o bem da Sua obra na terra e se um de seus filhos desviar-se desta ordem, Deus o corrige (Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes, pois, o castigo do Todo-Poderoso. Jó 5.17). Nesta exortação que Elifaz dirige a Jó, ele inicia um com um correto pensamento, mas na sua conclusão seu pensamento está direcionado à conclusão de que se Deus repreende uma pessoa e ela corresponde devidamente, Deus a livrará de todos os seus males e aflições. O autor de Hebreus refuta essa idéia enganosa, ao declarar que alguns dos maiores heróis da fé, do Antigo Testamento, foram perseguidos, despojados de todos os seus bens, afligidos, maltratados e até mesmo mortos. Esses justos nunca experimentaram total livramento nesta vida (Hb 11.36-39). Note que não há na Bíblia ensinamento que Deus eliminará da nossa vida todas as aflições e sofrimentos. Os santos nem sempre são poupados de sofrimentos nesta vida. Note que, pela fé, alguns ‘escaparam do fio da espada’ e, também pela fé, alguns foram ‘mortos a fio de espada’ (Hb 11.34, 37). Na contra-mão de Elifaz, Salomão afirma que ‘o que aborrece a repreensão é um bruto’(Pv 12.1). Há ocasiões no decorrer de toda a nossa existência em que precisamos de repreensão e de correção. O orgulhoso detesta ser advertido, mas o humilde acolherá com naturalidade a crítica, e dela tirará proveito; o reverente temor do poder, majestade e santidade de Deus produzirá em nosso homem interior um santo temor em não transgredir a sua vontade revelada. Uma tal reverência é essencial para se obter um coração sábio. No Novo Testamento aprendemos que o sincero temor do Senhor em nosso coração será acompanhado pelo consolo do Espírito Santo.

3. A disciplina no Novo Testamento.

É notável que na primeira referência no Novo Testamento sobre a Igreja local (Mt 18:15-17), e também na última (Ap 3:19), o assunto é sobre a necessidade de disciplina na Igreja local. Mesmo quando os apóstolos estavam na terra havia necessidade de disciplina nas igrejas, e esta foi muito severa, como quando Ananias e Safira morreram em Jerusalém por causa da sua mentira (At 5.1-11). Deus não tolera pecado na igreja. Também nas cartas de Paulo há muito escrito sobre este assunto. Mesmo Tessalônica, que foi chamada de ‘modelo para todos os crentes da Macedônia e da Acaia’ (1Ts 1.7) tinha problemas também (1Ts 5.14 e 2Ts 3.6). A severidade como Deus tratou com Ananias e Safira levou a um aumento de humildade, reverência e temor do povo para com um Deus santo. Sem o devido temor do Deus santo e da sua ira contra o pecado, o povo de Deus voltará, em pouco tempo, aos caminhos ímpios do mundo, cessará de experimentar o derramamento do Espírito e a presença milagrosa de Deus e então lhe será cortado o fluxo da graça divina. Este é um elemento essencial da fé neotestamentária e do cristianismo bíblico hoje em dia. Muitos leitores da Bíblia ficam perplexos com esse juízo tão duro, vindo da parte de Deus. Alguns expositores têm procurado atenuar a narrativa com interpretações inconsistentes, considerando este registro um exagero por parte do ‘historiador’ Lucas, mas o fato acontece como está relatado. Lembremos que a narrativa de Atos não está encerrada e Deus não muda, ainda que o juízo de Deus nem sempre se manifesta dessa maneira, e por isso mesmo ainda não levamos a sério a obra do Senhor. Muitos estão a praticar coisas até mais graves, no entanto, Deus ainda está dando a oportunidade para a reconciliação.



II. A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA


Em Atos 2.47 e 4.34, ficamos sabendo que ‘todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos’. Dentre eles, destacou-se Barnabé, o único citado nominalmente, exceto Ananias e Safira, por causa de sua hipocrisia. O casal fez um voto, não o cumpriu, mas queria que a Igreja pensasse que o mesmo fora concretizado. A generosidade de Barnabé repercutiu entre os irmãos. Ninguém era obrigado a vender suas propriedades. A mãe de João Marcos, o sobrinho de Barnabé (Cl 4.16), possuía uma casa em Jerusalém (At 12.12) que servia como lugar de culto e reunião de oração. O texto afirma que eles venderam uma propriedade. Não diz qual o seu tipo e nem o seu valor. Também não deixa explícita a atitude estranha desse casal. É comum a interpretação de que aquele casal queria gozar do mesmo prestígio de Barnabé.

1. O pecado contra o Espírito Santo e a Igreja.

A fim de obterem prestígio e reconhecimento, Ananias e Safira mentiram diante da igreja a respeito das suas contribuições. Deus considerou um delito grave essas mentiras contra o Espírito Santo. As mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos perpétuos da atitude de Deus para com qualquer coração enganoso entre aqueles que professam ser cristãos. Note, também, que mentir ao Espírito Santo é a mesma coisa que mentir a Deus, logo, o Espírito Santo também é Deus (vv. 3,4; ver Ap 22.15) [1]. É fundamental o temor a Deus, reconhecer a sua santidade, justiça e retidão como complemento do seu amor e misericórdia, isto é, conhecê-lo e compreender plenamente quem Ele é (Pv 2.5). Andrew Murray afirma que ‘O orgulho, ou a perda dessa humildade, então, é a raiz de todo pecado e mal. Foi quando os anjos agora caídos começaram a olhar para si mesmos com autocomplacência que foram levados à desobediência, e foram expulsos da luz do céu para as trevas exteriores. E também foi quando a serpente exalou o veneno do seu orgulho, o desejo de ser como Deus, no coração de nossos primeiros pais, que eles também caíram da sua posição elevada para toda a desgraça na qual o homem está, agora, afundado. No céu e na terra, orgulho — auto-exaltação — é a porta, o nascimento e a maldição do inferno[2]. Deus feriu com severidade a Ananias e Safira para que se manifestasse sua aversão a todo engano, mentira e desonestidade no reino de Deus. Um dos pecados mais abomináveis na igreja é enganar o povo de Deus no tocante ao nosso relacionamento com Cristo, trabalho para Ele, e a dimensão do nosso ministério. Entregar-se a esse tipo de hipocrisia significa usar o sangue derramado de Cristo para exaltar e glorificar o próprio eu diante dos outros. Esse pecado desconsidera o propósito dos sofrimentos e da morte de Cristo (Ef 1.4; Hb 13.12), e revela ausência de temor do Senhor e de respeito e honra ao Espírito Santo, e merece o justo juízo de Deus.

2. Uma oferta como a de Caim.

O Senhor aceitou a oferta de Abel, porque este compareceu diante dEle com fé genuína e consagração (Hb 11.4; 1Jo 3.12; Jo 4.23,24). A oferta de Caim foi rejeitada porque ele estava destituído de fé sincera e obediente, e porque as suas obras eram más (Gn 4. 6,7; 1 Jo 3.12). Caim e Abel eram filhos de um mesmo casal, receberam a mesma instrução religiosa e foram criados no mesmo ambiente, não obstante isso, um temia ao Senhor e outro não. Muitas vezes ouvimos sermões onde afirma-se que Deus recusara a oferta de Caim por constituir-se de cereais e a de Abel era perfeita por ser figura do sacrifício do Messias prometido. Mas na verdade não foi por isso, ainda mais que, esses rituai só foram prescritos muitos anos depois, por Moisés (Nm 15.4-9). Deus tem prazer em nossas ofertas e ações de graça tão somente quando nos esforçamos para viver uma vida reta, de conformidade com a sua vontade (Dt 6.5).


III. O EXTREMO DA DISCIPLINA

A igreja é o povo santo de Deus, foi comprada pelo sangue precioso de Cristo e santificada pelo Espírito Santo. No entanto, Cristo ainda não apresentou diante do trono sua noiva sem manchas nem rugas. O Senhor não tem prazer na morte de alguém, pois Deus é amor. No entanto, foi necessário que Ele agisse assim, ceifando a vida de Ananias e Safira, para preservar a noiva sem mancha e também para suscitar temor na nova comunidade.

1. A sentença de morte.

Muitos pregadores anunciam que Ananias e sua mulher Safira morreram porque retiveram a parte designada para o dízimo. É conveniente lembrar que em nenhum momento se pronunciou dízimo ou oferta neste texto. Ananias e Safira foram julgados por sua hipocrisia e mentira a Deus, não pela decisão de ficar com parte da sua propriedade pessoal. A severidade da punição para uma ofensa tão pequena parece intolerante e sem misericórdia, mas era necessário estabelecer autoridade apostólica naquela igreja como também garantir sua pureza. Voto é uma forma de promessa solene diante de Deus, que deve ser cumprida. É melhor deixar de fazer um voto, do que fazer e não cumpri-lo. O crente quando participa da Ceia do Senhor está também fazendo um voto de viver em santidade e dedicado a Deus. Logo, devemos temer, pois, buscar os prazeres do pecado depois de fazer tal voto a Deus, atrai a si ira e juízo, pois significa que aquele voto era realmente mentiroso. Mentir a Deus pode resultar em castigo severo como no exemplar caso de Ananias e Safira [4]: ‘Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o’ (Ec 5.4).

2. A maldição é retirada do arraial dos santos.

Entregar-se a esse tipo de hipocrisia significa usar o sangue derramado de Cristo para exaltar e glorificar o próprio eu diante dos outros. Esse pecado desconsidera o propósito dos sofrimentos e da morte de Cristo (Ef 1.4; Hb 13.12), e revela ausência de temor do Senhor e de respeito e honra ao Espírito Santo, e merece o justo juízo de Deus. Por que não falaram a verdade? Aquele que ordena a disciplina na igreja é o mesmo que estabelece o padrão a ser seguido no exercício da mesma. Esse padrão consiste primeiramente em amor paternal (Hb 12.4-13). É certo que o mundo vê a disciplina como expressão de ira e hostilidade, mas as Escrituras mostram que a disciplina de Deus é um exercício do seu amor por seus filhos. Amor e disciplina possuem conexão vital (Ap 3.19). Além do mais, disciplina envolve relacionamento familiar (Hb. 12.7-9), e quando os cristãos recebem disciplina divina, o Pai celestial está apenas tratando-os como seus filhos. Deus não disciplina bastardos, ou seja, filhos ilegítimos. O padrão de disciplina divina revela também maravilhosos benefícios. A disciplina que vem do Senhor ‘é para o nosso bem (v. 10).’ Ainda que seja inicialmente doloroso receber disciplina, a mesma produz paz e retidão. O propósito de Deus em disciplinar não é o de incapacitar permanentemente o pecador, mas antes de restaurá-lo à saúde espiritual. O julgamento divino contra o pecado de Ananias e Safira levou a um aumento de humildade, reverência e temor do povo para com um Deus santo. Sem o devido temor do Deus santo e da sua ira contra o pecado, o povo de Deus voltará, em pouco tempo, aos caminhos ímpios do mundo, cessará de experimentar o derramamento do Espírito e a presença milagrosa de Deus e então lhe será cortado o fluxo da graça divina. Este é um elemento essencial da fé neotestamentária e do cristianismo bíblico hoje em dia.



III. CONCLUSÃO


A correção é fonte de esperança para os que a aplicam e vida para aqueles que a recebem corretamente (Pv 19.18 e 4.13). A correta disciplina deve ser sempre aplicada com amor e não com ira (Pv 13.24). Segundo as Escrituras, a disciplina na igreja está fundamentada não apenas no exercício do bom senso, mas principalmente nos imperativos do Senhor. O mandato bíblico referente à disciplina é encontrado especialmente no ensino de Jesus (Mt 18.15-17) e nos escritos de Paulo (1Co 5.1-13). Também, há clara referência bíblica de que a igreja que negligencia o exercício desse mandato compromete não apenas sua eficiência espiritual, mas sua própria existência. A igreja sem disciplina é uma igreja sem pureza (Ef 5.25-27) e sem poder (Js 7.11-12). A igreja de Tiatira foi repreendida devido à sua flexibilidade moral (Ap 2.20-24). John Stott escreve: “A igreja tem dois estados em relação com a santidade; um é atual e o outro potencial. Por um lado, os cristãos já são santos, no sentido de ter sido separado para Deus. Por outro lado, são chamados para ser santos, a desenvolver uma vida de santidade. Neste sentido, a igreja se parece muito ao antigo povo de Israel. No Antigo Testamento, uma e outra vez se nomeia Israel como nação santa. Era a nação escolhida por Deus. No entanto, não era uma nação de pessoas santas senão mais bem ao contrário. Por isso, Deus constantemente os instava a voltar-se a Ele e a serem santos. A igreja hoje tem a mesma ambigüidade: já é santa e, ao mesmo tempo, Deus a chama para ser santa” [5]. Não é por acaso que na primeira referência no Novo Testamento sobre a Igreja local (Mt 18:15-17), e também na última (Ap 3:19), o assunto é sobre a necessidade de disciplina na Igreja para a ‘manutenção’ da santidade (Ef 5.27


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Estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrija?
Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.
Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?
Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.
Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. (Hebreus 12:5-11)


PENSAMENTO:

Através deste estudo, veremos como Deus disciplina (educa) seus filhos. A salvação não se perde, mas Ele disciplina a seus amados. Deus disciplina aos que ama. Isto tudo para que possamos participar de sua Santidade.

1. Deus garante que proverá este cuidado a todos os seus filhos (eleitos).

a) O Senhor ao que ama disciplina.
Hb 12:6
"porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe."

b) De Deus não se zomba; o que o homem semear, colherá.
Gl 6:7-10
"Não vos enganeis: de Deus não se zomba(1); pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.
E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos(2).
Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé."

2. Disciplina é da parte de Deus e não do homem.
a) Minha é a vingança, diz o Senhor.
Rm 12:19
"não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei diz o Senhor."
b) Castigados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
I Co 11:31,32
"Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo(3)."

3. Os bastardos (filhos do diabo) não são disciplinados por Deus porque não são seus filhos.
a) Se estão sem disciplina são bastardos.
Hb 12:8
"Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos(4) e não filhos."

4. Exemplos bíblicos de bastardos e filhos do diabo.
a) Jd 4
"Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação(5), os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem(6) a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo."
b) I Jo 2:19
"Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos, porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos."
c) Jo 17:12
"Quando estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura."
d) Mt 7:21-23
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos(7) demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade(8)."

e) II Ts 3:2
"e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé não é de todos."
f) II Ts 2:3
"Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha apostasia(9) e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição."

5. Deus tem três medidas.
a) Disciplina.
Hb 12:10
"Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade."
b) Correção.
Sl 94:12,13
"Bem-aventurado o homem, Senhor, a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei,
para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio."
c) Açoite.
I Jo 5:16
"Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue."
I Co 5:5
"entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus."

6. Exemplos bíblicos sobre a disciplina.
a) Sansão;
b) Davi;
c) O povo de Israel;
d) Pedro;
e) Ananias e Safira (açoite).

7. A disciplina não é só aplicada por atos pecaminosos, mas também por se fazer afronte ao Espírito de Graça.
a) Hb 10:26-31
"Porque, se vivermos deliberadamente(10) em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;
pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.
De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou(11) o sangue da aliança com o qual foi santificado e ultrajou o Espírito da graça?
Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo."

8. Versículos do antigo testamento sobre a disciplina de Deus.
a) Bem aventurado a quem Deus corrige.
Sl 94:12,13
"Bem-aventurado o homem, Senhor a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei,
para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o ímpio."
b) Não menospreze a correção do Senhor nem desmaies.
Pv 3:11,12
"Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enfades da sua repreensão.
Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem."
c) Regerei com vara de ferro e açoitarei, mas não mudarei minha misericórdia.
Sl 89:30-36
"Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos,
se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos,
então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniqüidade,
Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade.
Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram.
Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?):
A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim."

PALAVRA FINAL: A disciplina de Deus não permite que o crente viva em atos de libertinagem, já que o Espírito Santo o corrigirá a todo tempo. Não menosprezes a Disciplina, pois isto mostra que estás sendo santificado em tua conduta.

Lembre-se sempre. A Palavra de Deus é algo tremendo, de tal maneira que homem nenhum pode questionar ou julgar. O filho de Deus, que é sábio, apenas ouve e guarda no coração, sem questionamentos, desde que ela testifique em seu coração. Como diz em I Co 2:13 : "Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo cousas espirituais com espirituais."

1º Trimestre de 2011 - Lição 05

Sinais e Maravilhas na Igreja
TEXTO ÁUREO

"Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo [...]" (Hb 2.4).

VERDADE PRÁTICA

A Igreja evangelizadora e missionária jamais deixará de operar milagres e prodígios, pois o Deus do impossível tem um sério compromisso com os que proclamam as Boas Novas.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 3.1-11

1 - E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.

2 - E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam.

3 - O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.

4 - E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.

5 - E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa.

6 - E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.

7 - E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.

8 - E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.

9 - E todo o povo o viu andar e louvar a Deus;

10 - E conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera.

11 - E, apegando-se o coxo, que fora curado, a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles, ao alpendre chamado de Salomão.



OBJETIVOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

- Compreender porque os milagres e maravilhas eram sinais tão comuns à Igreja Primitiva;

- Explicar os objetivos de Deus ao realizar milagres e maravilhas, e

- Conscientizar-se de que a proclamação da Palavra é mais importante que o milagre.


I. INTRODUÇÃO

II. DESENVOLVIMENTO


I. SINAIS E MARAVILHAS, A AÇÃO SOBRENATURAL DA IGREJA


Maravilhas - do gr ‘terás’, ‘algo estranho’, que leva o observador a se maravilhar, sempre é usado no plural e geralmente depois do termo ‘semeia’, ‘sinais’). Em At 2.19, teras aparece sozinho (prodígios). O sinal tem o propósito de apelar para o entendimento, a ‘maravilha’ apela para a imaginação, o poder (dunamis) indica que a sua fonte é sobrenatural[1]. A mensagem de Jesus consistia na trilogia: ensinar, pregar e curar (Mt 4.23; 9.35). Isso Jesus mandou que seus discípulos fizessem (Mt 28. 19,20; Mc 16.15-19). É essa a mensagem que pregamos na atualidade. Em At 2.43, Lucas afirma: ‘e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos’, isso nos mostra que o poder de Jesus, para curar os enfermos, continua, o qual foi delegado aos seus discípulos. Nos textos de 1Co 12.7-11, Ef 4.11-12 e 1Pe 4.10,11 está revelado que o Espírito Santo concede aos crentes habilidades sobrenaturais para que a igreja possa cumprir a sua missão no mundo até a volta de Jesus Cristo. A relação dos dons espirituais é enorme: profecia, ensino, cura, hospitalidade, milagres, sabedoria, socorro, generosidade, etc. (1Co 12.4-11, 28-30; Rm 12.6-8; Ef 4.11; 1Pe 4.9,10). Dentre os dons espirituais, há um grupo de dons especiais que são destinados a autenticar diante dos incrédulos a mensagem do evangelho de Cristo, chamados de dons extraordinários - os dons de milagres, cura, exorcismo, profecia, línguas e interpretação. Sinais e maravilhas são de suma importância para a pregação do Evangelho.

1. Definição.

Milagre (do Gr ‘dunamis’, ‘poder, habilidade inerente’, é usado acerca de feitos de origem e caráter sobrenaturais, visto que não podem ser produzidos pelos agentes e meios naturais[1]; do latim miraculum, do verbo mirare, "maravilhar-se") é um fato dito extraordinário que não possui uma explicação científica. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais”. Para os crentes, sua realização é atribuída à onipotência divina, é considerado como um ato de intervenção de Deus no curso normal dos acontecimentos.

2. Objetivos do milagre.

Na Bíblia, os milagres e as curas eram sinais para confirmar a mensagem dos pregadores. Deus autenticou cada nova mensagem com sinais (Hb 2.3-4; Mc 16.20). Os milagres que acompanham as pregações de discípulos confirmaram às pessoas que os mensageiros diziam a verdade, que Deus estava sustentando suas mensagens com fenômenos sobrenaturais e que uma nova dispensação, a era da graça, havia entrado no mundo. Sinais e Maravilhas têm como finalidade conduzir os seres humanos a Deus de modo extraordinário. Estas ações extraordinárias nos foram dados para vermos a manifestação da glória de Deus Pai e do Senhor Jesus [E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.(Jo 11.4); Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele. (Jo 2.11)]. Todo milagre que Deus realiza serve, primeiro, para manifestar a Sua glória, serve para que todos conheçam a glória Dele, para que todos saibam o quanto Ele é capaz de fazer. Além das duas citações feitas pelo comentarista, há uma outra finalidade: toda cura através de Cristo é a obra de Deus invadindo a esfera de Satanás e destruindo a sua obra (1 Jo 3.8). Não obstante o objetivo prático podemos constatar pela experiência, que nem todos que buscam um milagre, alcançam. O Pr Augustus Nicodemus afirma isso da seguinte maneira:“Creio em milagres. Creio que Deus cura hoje em resposta às orações de seu povo. Durante meu ministério pastoral, tenho orado por pessoas doentes que ficaram boas. Contudo, apesar de todas as orações, pedidos e súplicas que os crentes fazem a Deus quando ficam doentes, é um fato inegável que muitos continuam doentes e eventualmente, chegam a morrer acometidos de doenças e males terminais”[2].



II. O MILAGRE NA PORTA FORMOSA


O historiador judeu Flavio Josefo comenta: “O templo tinha nove portas, que eram revestidas de ouro e prata em todos os lados, mas havia uma porta, que estava fora da casa santa e era de bronze de Corinto e muito excedia aquelas que eram apenas revestidas de ouro e prata. A magnitude das outras portas era igual em todas. Contudo, a porta de Corinto, que abria para o Oriente, em oposição à porta da própria casa santa, era muito maior, pois sua altura era 50 côvados, isto é, cerca de 25 metros, e era adornada da maneira mais rica, tendo placas mais ricas e mais grossas de prata e ouro que as outras. Esta última é, provavelmente, a porta chamada Formosa, porque era no exterior do templo, para a qual havia fácil acesso e visto que era, evidentemente, a de maior valor”. A palavra hebraica para formosa, bela é ‘yafeh’, e qualquer turista pode entrar na Antiga Cidade de Jerusalém pela ‘Porta de Jaffa’; é o fim da estrada que vem do porto de Yafo (Jaffa, Jope), no litoral sul de Tell Aviv, assim chamada por sua beleza. A porta à qual o texto se refere pode ser a Porta Nikanor, mencionada na Mishna, que saía do pátio dos gentios e se estendia até o pátio das mulheres no Templo[3]. Pela Porta Formosa do Templo de Jerusalém passavam sacerdotes, rabinos, comerciantes, enfim, muita gente ilustre e rica que possivelmente via aquele aleijado a mendigar diariamente, sempre no mesmo lugar e, tudo o que podiam fazer era dar-lhe algumas moedas e nada mais. E o homem continuava paralítico necessitado. Essa situação só mudou quando providencialmente, a cura do mendigo coxo foi realizada pelo poder de Cristo operando através de Pedro. Jesus disse aos seus seguidores no tocante àqueles que viriam a crer nEle: ‘Em meu nome...imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão’ (Mc 16.17,18).

1. Oração e milagre.

Pedro e João estavam subindo os terraços para os átrios do templo na hora da oração, às três horas da tarde (havia duas outras, às nove da manhã, e ao meio dia; nas contas romanas, o dia iniciava com o nascer do sol; portanto, a ‘hora nona’ era cerca de 15:00hs). David H. STERN afirma que “de acordo com uma fonte talmúdica, os três cultos de oração foram instituídos depois da destruição do primeiro Templo para substituir os sacrifícios (veja Dn 6.11 para um costume semelhante durante o exílio na Babilônia). Os três cultos são denominados Shacharit (manhã), Minchah (tarde) e Ma’ariv (noite)[3]. Os apóstolos e os que se convertiam a Cristo continuavam a fazer suas orações no templo, mesmo que já não observassem todos os ritos. Devemos buscar a presença de Jesus em nossa vida, pois é Ele quem comunica ao nosso coração a necessária fé para que haja sinais e maravilhas (Rm 12.3; 1Co 12.9; Fp 2.13). A igreja continuou o ministério de cura que Jesus exercera, em obediência à sua vontade, fato demonstrado pelo milagre que recebeu o coxo da porta Formosa. O milagre aqui foi realizado mediante a fé em nome de Jesus Cristo (v. 6) e o dom de curar, operando através de Pedro (1Co 12.1,9). Pedro declarou que não tinha prata nem ouro, mas que daria ao mendigo coxo algo muito mais valioso. O mandamento para buscarmos a comunhão com Deus por meio da oração vem através dos salmistas (1Cr 16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos (Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus aspira a comunhão conosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele. A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13).

2. Quando nem o ouro nem a prata fazem a diferença.

Pedro declarou que não tinha prata nem ouro, mas nem por isso deixou de ser um crente vitorioso. Ao contrário do que andam pregando alguns pastores, a alegria do crente não reside na riqueza, mas em ter a segurança da salvação eterna em Cristo Jesus (Ef 2.8). Nas incomensuráveis palavras de Paulo: ‘Como contristados, mas sendo alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo’ (2Co 6.10). Foi com essa alegria e certeza que Pedro deu ao mendigo coxo algo muito mais valioso. As igrejas que desfrutam de prosperidade material devem meditar nestas palavras de Pedro e adotá-las como ‘texto áureo’ bem como as palavras de Paulo como ‘verdade prática’. Muitas igrejas dos nossos dias já não podem dizer: Não tenho prata nem ouro, mas também não tem condição de dizer: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda .

3. O milagre na Porta Formosa.

Já temos ouvido muitas pregações acerca da cura do coxo na Porta Formosa e talvez imaginemos que o coxo estava sentado à porta do templo, quando Pedro e João iam entrando. Na verdade, quando se encontrou com os apóstolos, estava exatamente sendo carregado por alguém para ser colocado no local costumeiro. “E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona. E era trazido um varão que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual, todos os dias, punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam”. (At 3.1,2). Esse detalhe é importante por que aponta para alguém que conduziu o coxo à posição de receber a cura! À porta chamada Formosa, ironicamente, jazia o coxo e para este, essa porta significava humilhação, vergonha, dor e tristeza. Ele nunca pôde atravessá-la. Nunca soube como era o outro lado. Aquela porta não tinha nada de formosa para ele. Ela o impedia de entrar no templo – era deficiente físico e mendigo, escória da sociedade. Era para ali levado e deixado todos os dias para pedir esmolas. Pedro, cheio do poder do Espírito, fixa o olhar naquele que lhe estendia a mão esperando uma esmola e ousadamente diz:“Olha para nós” surpreendendo com essa ordem o coxo acostumado a não ser notado pelos que cruzavam a porta do Templo [...] Não tenho nem prata nem ouro mas, o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” Que autoridade! Que intrepidez e ousadia! Que intimidade! Pedro estende a mão, o levanta; o homem saltou, andou e adorou a Deus. É dever de todo crente ministrar as bênçãos de Deus para o necessitado. È em situações como essa que Deus nos concede oportunidade de evangelizar!


III. O MILAGRE ABRE A PORTA DA PALAVRA

O Espírito Santo criou nos apóstolos um desejo irreprimível de proclamar o evangelho. Por todo o livro de Atos, o Espírito impeliu os crentes a levar o evangelho aos outros (1.8; 2.14-41; 3.12-26; 8.25,35; 9.15; 10.44-48; 13.1-4). Pregação e milagres devem seguir à pregação das Boas Novas (cf. 3.1-10; 4.8-22,29-33; 5.12-16; 6.7,8; 8.6ss.; 15.12; 20.7ss). É mediante estes sinais que Cristo confirma a palavra de suas testemunhas (14.3; cf. Mc 16.20). Demonstrando a existência do poder divino e advertindo ou encorajando a fé; por sua vez, prodígios se refere a eventos extraordinários que causam pasmo ao espectador. Note que a igreja estava orando pela realização de curas, sinais e maravilhas (At 4.30). A igreja dos nossos dias precisa interceder ferventemente em oração para Deus confirmar o evangelho com grande poder, milagres e graça abundante. Somente quando o evangelho é proclamado com poder, como declara o NT, é que o mundo perdido pode ser ganho para Cristo. Mas precisamos tomar cuidado quando o assunto é milagres! ‘Algo que esta se tornando comum é acreditar que todos os milagres que vemos são farsas ou puras alucinações. Esse pensamento extremamente crítico quanto aos milagres se deve basicamente a um argumente contra os milagres utilizados pelo cético David Hume (1711-1776). Segundo ele, uma pessoa sábia não devia acreditar em milagres pois eles são acontecimentos raros, e acontecimentos raros têm evidências menores do que acontecimentos comuns, assim, devemos acreditar naquilo que tem evidência maior (acontecimentos comuns). Norman Geisler comparou esse argumento ao fato de se ganhar na loteria e não acreditar nisso ao menos que você ganhe mais 5 vezes, até que assim se torne um acontecimento comum. Pois o fato de um acontecimento ser raro não significa que ele não tenha acontecido e muito menos que as evidências para ele sejam menores. Portanto esse argumento logo é refutado. Mas e hoje? Devemos acreditar? Sim, devemos, mas não em todos. Como podemos ver, os milagres já não são tão raros, pois podemos assisti-los todos os dias pela televisão acontecendo aos montes. O fato é que provavelmente existem fraudes nesses programas. Não que todos que testemunhem estejam mentindo, alguns devem ter sido realmente curados pelo poder de Deus, mas existem casos em que se percebe a falta de bom censo, como os casos de cura de dor de cabeça ou coceira no ouvido (acredite ou não já ouvi isto), coisas que podem ser totalmente psicológicas (placebo ou cura psicossomática) ou até mesmo mentira. Portanto se, por exemplo, você conhece uma pessoa que recebeu o milagre e sabe que sua doença era grave e hoje está curada, mesmo com a descrença dos médicos quanto à possibilidade da cura, porque não acreditar? A evidência maior esta a favor do raro, do milagre. Porém, sempre que a evidência maior estiver a favor do comum, como por exemplo uma cura de dor de barriga, o mais sábio é acreditar no comum, uma simples cura psicológica’[4].


III. CONCLUSÃO


‘O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Filho Jesus [...] a fé que é por ele deu a este, na presença de vós, esta perfeita saúde’ (At3.13 e 16). Pedro declarou que não tinha prata nem ouro, mas que daria ao mendigo coxo algo muito mais valioso. Que lição extraordinária aprendemos neste domingo! Devemos crer em milagres? Sim! A quem daremos o crédito? À denominação a qual fazemos parte? Ao ‘pregador-ídolo’ que se apresenta em mega-eventos? Pedro inicia sua defesa, humildemente perguntando: ‘porque vos maravilheis disto? Ou, por que olhais para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?’ (AT 3.12). David H. STERN afirma que “essa frase (At3.13) não aparece por acidente no discurso de Pedro. São duas partes que constam do primeiro parágrafo da ‘Amidah’, a seção central do culto de oração Minchah, que começa com: ‘Louvado sejas tu, Adonai nosso Deus e Deus de nossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó [...]’, o que seus ouvintes teriam acabado de recitar nas orações minchah em todas as dependências do Templo, boa parte das quais ainda hoje se fazem no mura das lamentações’[5]. Ao usar as mesmas palavras com as quais o povo acabara de se dirigir à Deus, Pedro diz que a cura do mendigo coxo foi realizada pelo poder de Cristo operando através deles. Jesus disse aos seus seguidores no tocante àqueles que viriam a crer nEle: Em meu nome...imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão (Mc 16.17,18).