Assistência Social, Um Importante Negocio
TEXTO ÁUREO
"E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha." (At 4.35).
VERDADE PRÁTICA
Embora a oração e a proclamação da Palavra de Deus sejam as prioridades máximas do ministério cristão, não podemos esquecer-nos das obras de misericórdia
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 6.1-7
1 - Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2 - E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3 - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
4 - Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5 - E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
6 - E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7 - E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
COMENTÁRIO
I. INTRODUÇÃO
Neste domingo, como no anterior, trataremos de um assunto pouco difundido em nossas igrejas e do qual temos poucas referências explicativas nas Escrituras, porém não é necessário explanar acerca da sua importância, já que sua origem está intrinsecamente relacionada com o crescimento vertiginoso da Igreja Primitiva e devido ao desenvolvimento da Igreja aparece como função de apoio aos Presbíteros de cada cidade. Devido às várias interpretações que se deu ao tema, é necessário traçar uma linha direta para o bom funcionamento desta função (responsabilidade). Quanto à sua origem, João Calvino assevera: “Ainda que o nome de diácono tenha um sentido mais amplo, não obstante a Escritura chama especialmente diáconos aqueles que são constituídos pela igreja para distribuir as esmolas e cuidar dos pobres, como seus procuradores. A origem, a instituição e o cargo dos diáconos lhes refere são Lucas nos Atos dos Apóstolos (At 6,3). A causa foi as queixas dos gregos contra os hebreus, porque não eram levadas em conta as viúvas no serviço dos pobres. Os apóstolos, alegando não poderem cumprir por vez com dois ofícios, pedem ao povo que eleja sete homens de boa vida, para que se encarreguem disto. Eis aqui a missão dos diáconos no tempo dos apóstolos, e como devemos ter-lhes conforme o exemplo da Igreja primitiva” [1]. Pela natureza da palavra e o contexto da função, se vê que os diáconos cumpriam uma função de serviços secundários, ajudando aos Presbíteros numa localidade. Se bem que a palavra diácono também é aplicada a outros homens. Nesse caso refere-se mais ao espírito de serviço, porque a Cristo também se chama desta maneira. Naturalmente, temos dificuldade em exercer uma Ação Social eficiente, e esta dificuldade vai além de nossa Igreja, alcança outras denominações, pois hoje menos de5% das igrejas estão alinhadas ao novo conceito de Missões chamado Missão Integral, que é o cuidado com o indivíduo total, corpo, alma e espírito. Esta dificuldade transcende a nossa história, pois até o final do século 14, o movimento cristão protestante não tinha uma visão fragmentada da responsabilidade geral da igreja com a sociedade. Evangelismo e trabalho de transformação do mundo não eram vistos como frentes de trabalho incompatíveis uma com a outra. Não podemos abdicar de nossas responsabilidades, e esta lição veio no momento certo para nos acordar para este ministério da Igreja, tão esquecido, mas que foi posto à nossa responsabilidade pelo Senhor: “dá-lhes vós de comer”. Boa aula!
II. DESENVOLVIMENTO
I. AS DORES DO CRESCIMENTO
O vertiginoso crescimento da igreja desde a descida do Espírito Santo, nos primeiros séculos, é instigante e motivador. Podemos contemplar na narrativa de Lucas o Poder do Espírito Santo operando em cada um dos seus 28 capítulos. Este crescimento nos inspira a buscar e descobrir as estratégias para se alcançar este objetivo. Temos observado até esta lição que aquela igreja não possuía nenhum tipo de inovação ou algo semelhante, mas, simplesmente, os crentes se colocaram à disposição de Deus para trabalhar dentro do contexto de sua época. Se quisermos também alcançar êxito como eles, é exatamente isso que precisamos fazer hoje; “E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto de homens como mulheres, agregados ao Senhor” (At 5.14). “O crescimento da Igreja compreende aspectos internos no desenvolvimento de suas atividades, relacionados à sua forma de governo, sua estrutura financeira, sua liderança, o tipo de atividades em que investe seu tempo e recursos, e sua celebração cultual. Todos estes fatores formam um conjunto orgânico que dá sustentação ao crescimento. Esta verdade podia ser vista nessa igreja, que aprendeu bem cedo, logo em seus primeiros passos, a adquirir uma identidade própria”. [Pr. Advanir Alves Ferreira]
1. A urgência da assistência social.
O crescimento diaconal também pode ser chamado de encarnacional. Esta dimensão abrange aspectos internos-externos, gerando um crescimento saudável da igreja. Este crescimento é visto como "a intensidade do serviço que a igreja presta ao mundo, como prova concreta do amor de Deus. Esta dimensão envolve o impacto que o ministério reconciliador da igreja exerce sobre o mundo, o seu grau de participação na vida, conflitos, temores e esperanças da sociedade e à medida que seu serviço ajuda e alivia a dor humana a transformar as condições sociais que têm condenado milhões de homens, mulheres e crianças à pobreza". Sem esta característica (serviço) a igreja perde sua autenticidade e credibilidade como agência do Reino de Deus neste mundo, pois "somente na medida em que consiga tornar visível e concreta a sua vocação de amor e serviço, ela pode esperar ser escutada e respeitada". O crescimento da igreja tem de estar vinculado ao serviço ou amor ao próximo. O apóstolo Tiago, falando sobre o papel social da igreja, afirma que a fé sem obras é morta (2.17). A Igreja está no mundo para ser social, ou seja, evangelização e responsabilidade social caminham de mãos dadas. Isto é fundamental no Crescimento Integral do Corpo de Cristo. É hora de uma conscientização social em nossas igrejas. O aspecto interno da igreja tem de gerar atitudes práticas para com o próximo. A Igreja Primitiva cantava, orava, pregava a Palavra, mas vivia a dimensão diaconal - repartia o pão. Desta forma, os pastores e lideranças em geral das Igrejas Locais poderão lançar projetos sociais junto às suas comunidades. Neste sentido, a igreja tem de ser liberal. [Pr. Advanir Alves Ferreira]
2. A murmuração dos gregos.
Desde o cativeiro babilônico (605 a. C.), quando Nabucodonosor levou cativa a primeira leva de judeus para a Caldéia, muitos deles nunca mais retornaram à sua terra, exceto um pequeno grupo com Zorobabel, para a reconstrução do Templo e depois outras levas com Esdras e Neemias (Ed 2.1; 7.1-7; Ne 2.9). A maior parte permaneceu espalhada pelas nações, onde eles já estavam. Os hebreus eram nativos da Palestina e falavam hebraico (ou aramaico) em vez de grego. Os helenistas (do grego helenistikoi) eram judeus do mundo greco-romano, oriundos da diáspora e falavam grego. Muitos preferem chamá-los de ‘judeus gregos’, diferentes dos hebraioi, ‘judeus palestinenses’ ou ‘aramaicos’. Havia uma tensão constante entre estes dois grupos – os aramaicos olhavam com reservas para os helenistas, por estes habitarem fora da Eretz Israel. A presença e o poder do Espírito Santo não garantem automaticamente que as dificuldades da vida desaparecerão [como é amplamente alardeado em muitas pregações, inclusive em nossos púlpitos]. É necessário que os crentes discutam suas diferenças e peçam a Deus soluções sábias para extinguir as querelas que inevitavelmente surgem no seio da igreja. O AT requeria cuidado pelos pobres e necessitados. Os necessitados e aflitos do povo de Deus são objetos do seu cuidado especial. Eles têm de Deus a promessa de que não os abandonará que Ele se lembrará das suas orações, e que as suas esperanças serão um dia realidades (Sl 9.18). Esta solicitude é vista na ação social que acontece em At 2.44-45; 4.34-37. Aqui o velho problema da discriminação tinha emergido: as viúvas dos judeus-gregos (ou de fala grega) eram consideradas estrangeiras pelos judeus nativos e assim não estavam recebendo sua porção na distribuição de alimentos, provavelmente derivada em parte da generosa doação de At 4.34-37.
II. A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO
Havia uma antiga rivalidade entre os helenistikoi e os hebraioi e embora pertencessem a uma nova comunidade, onde Jesus havia abolido qualquer barreira de preconceito (Ef 2.14-17), ainda havia uma tensão cultural entre eles, fato materializado no ‘desprezo’ com o qual as viúvas helenistas eram tratadas. Para solucionar essa questão, ‘os Doze’ (At 6.2) [essa é a primeira vez que os termos ‘os doze’ para designar os apóstolos e ‘discípulos’ para designar os crentes aparece em Atos], convocam a multidão em assembléia para tomar uma decisão que poria fim à pendenga entre os irmãos. A liderança seguiu o modelo determinado por Jesus (Mt 18.15-17).
1. A participação da Igreja nas decisões.
Esta solene convocação da multidão dos discípulos revela-nos que há decisões na congregação que demandam assembléias e tomadas de decisão em conjunto com todos os crentes, nos moldes dos congregacionais. O regime de governo eclesiástico conhecido como Congregacional é um sistema onde cada congregação local é autônoma e independente. A igreja local possui autonomia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e seleção de seu ministério. O Congregacionalismo está baseado nos seguintes princípios: Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia, que é a autoridade decisória final do governo de cada igreja local. Não existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que uma Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de Igreja. As igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são interdependentes e estão intercomprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão. Por isso, se organizam em Concílios, Sínodos ou Associações. Entretanto, essas organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço delas. O Congregacionalismo é o regime de governo mais comum em denominações como Anabatistas, Igreja Batista, Discípulos de Cristo, Igreja de Cristo no Brasil e obviamente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional. Quanto ao sistema adotado pelas igrejas AD, é difícil fazer uma análise da forma de governo adotado por não se moldar aos paradigmas observados ao longo da história e destacados na literatura. Em sua tese de Doutorado em Sociologia "Protestantes e Política no Brasil", Paul Freston apresenta uma visão histórico-sociológica do pentecostalismo brasileiro e, particularmente, da Assembléia de Deus. Nesse trabalho (publicado no livro "Nem Anjos nem Demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo"), o pesquisador agrega informações e publica suas conclusões sobre o "modelo de governo assembleiano". Afirma esse Autor: "O sistema de governo da AD pode ser caracterizado como oligárquico e caudilhesco. Surgiu para facilitar o controle pelos missionários e depois foi reforçado pelo coronelismo nordestino. A AD, na realidade, é uma complexa teia de redes compostas de igrejas-mães e igrejas e congregações dependentes. Cada rede não habita necessariamente uma área geográfica contígua, o que dá margem a controvérsias constantes sobre 'invasão de campo'. O pastor-presidente da rede é, efetivamente, um bispo, com talvez mais de cem igrejas e uma enorme concentração de poder." (FRESTON, p. 86). Na defesa de sua tese, Freston recorre ao pensamento de Judith Hoffnagel (autora de uma tese de doutoramento na Indiana University/EUA, intitulada: "The Believers: Pentecostalism in a Brazilian City") segundo a qual "embora aconselhado pelo ministério, o pastor-presidente permanece a fonte última de autoridade em tudo... assim como o patrão da sociedade tradicional que, mesmo cercado de conselheiros, maneja sozinho o poder." Em síntese, para Freston, na visão estratégica do governo 'oligárquico e caudilhesco' assembleiano, "esse sistema de feudos é uma forma de manter o crescimento da igreja como um todo sem tocar na estrutura do poder. Como todo modelo, ele possui vantagens e desvantagens, pontos fortes e fracos." ‘Os Doze’ seguiram um modelo determinado por Jesus, convocando a multidão dos discípulos para a tomada de decisão que influenciaria a vida da Igreja. Acredito que este modelo deveria ser perseguido bem de perto a fim de se evitar o ‘sistema de governo hereditário’ e oligárquico apresentado na maioria das nossas convenções.
2. O ministério diaconal.
Embora o nobre comentarista afirma que a palavra ‘diácono’ não aparece no capítulo 6 de Atos, acredito ser importante mencionar que a diakonia, ‘ministério’ ou ‘serviço’, é o termo usado no verso 1 (ministério cotidiano) e no 4 (ministério da palavra), não restando dúvida da instituição da função nesta perícope e aponta para um único valor de ambos os serviços. O normal de cada igreja é que seja composta de “bispos e diáconos” (Fp 1.1). Como é instrutivo ver estes irmãos servindo a todo tempo! Eles servem quando a igreja está reunida ou no dia a dia; seja em serviços matérias ou em serviços espirituais; eles servem entre os crentes e entre os descrentes, ou seja, a Diaconia é exercida por alguém que usa seus dons espirituais para fazer os serviços que Deus designou para que ele faça, na vida diária da igreja ou nas reuniões; no ministério da Palavra ou na pregação do Evangelho; em serviços materiais ou em serviços espirituais. No pensamento de Paulo, que tinha opinião formada a respeito desses oficiais da igreja extraída da tradição religiosa judaica, uma vez que as sinagogas mantinham diversos desses obreiros, portanto, suas referencias a esse ofício passam obrigatoriamente pela ótica judaica. Nas cartas de Paulo são estabelecidas duas listas de qualificações – um para presbíteros, outra para diáconos – tecendo comentários minuciosos sobre cada ofício. Sobre isso, Berkhof comenta que além dos presbyteroi, citados por Paulo em suas cartas, são mencionados os diakonoi no NT (Fp 1.1; 1Tm 3.8,10,12). Cito aqui que há também quem discorde da instituição da diaconia em At 6, afirmando que os termos utilizados ali referem-se a um oficio geral, em que as funções dos presbíteros e dos diáconos foram combinadas. Quando Timóteo esteve em Éfeso, Paulo deu instruções acerca de presbíteros e também de diáconos e de diaconisas. A questão da existência de diaconisas nas igrejas ainda hoje é controversa em algumas denominações cristãs. É bem verdade que as mulheres têm assumido maciçamente essa função dentro das igrejas. No entanto, alguns teólogos insistem no argumento que os textos bíblicos não apóiam tal nomeação. Segundo eles, as mulheres que aparecem na lista, em 1Tm, são esposas de diáconos e não diaconisas. Mas não temos somente este texto como referência. Assim, para falarmos sobre “diaconisas”, pela visão paulina, quero tomar inicialmente o texto de Romanos 16.1, que diz: “Recomendo-vos, pois Febe, nossa irmã, a qual serve [diákonon] na igreja que está em Cencréia” (ARC, grifo meu) Eis um texto onde a figura feminina surge distinta do comentário apostólico sobre cargos e ofícios. Febe é mencionada na prática de uma função — no caso é dito que ela age como uma serva, isto é, ela serve a alguém. Nesta passagem Stamps reconhece o caráter implícito do diaconato em Febe, creditando a ela o título de diaconisa. O que poderíamos dizer ainda sobre o trabalho desenvolvido por nossas irmãs?
III. ASSISTÊNCIA SOCIAL, UM IMPORTANTE NEGÓCIO
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Praticar boas obras é algo inerente à caminhada cristã. Especialmente as que estão ligadas à assistência social, que o Novo Aurélio define como: Serviço, de natureza diversa, que atende àqueles que não dispõem de recursos suficientes. A ética de Jesus preserva e torna mais exigentes os requisitos da Lei, revelando a sua intenção mais profunda (Mt 5.17,20). A prática do bem deve estender-se também aos que não pertencem à família de Deus (Mt 5.43-45; 6.1-4). Essas passagens mostram que as motivações dos discípulos de Cristo devem ser a imitação de Deus e a reverência para com ele. Outra motivação fundamental é o amor altruísta expresso no serviço desinteressado e até mesmo sacrificial, conforme exemplificado pelo próprio Cristo (Mc 10.45; Jo 13.12-15).
1. O “importante negócio”.
“Ação social cristã” é uma expressão imprecisa e genérica. Precisamos dar-lhe um conteúdo, dizer o que entendemos por ela. Uma tentativa de definição seria afirmar que consiste em toda atividade de cristãos individuais ou da igreja coletivamente no sentido de suprir necessidades materiais das pessoas, aliviar o sofrimento humano, atenuar ou eliminar males sociais que afligem indivíduos, famílias, comunidades e até mesmo a sociedade como um todo. Essa ação social é especificamente cristã, pois responde a motivações e princípios diretamente relacionados com as Escrituras e com o evangelho de Cristo. O objetivo da ação social cristã é proporcionar às pessoas e comunidades condições de vida mais condignas, o suprimento básico das carências humanas fundamentais no plano material (moradia, alimentação, saúde, educação, trabalho). Quanto à sua amplitude de atuação, a ação social pode ir desde o atendimento de necessidades emergenciais, muitas vezes chamado de assistencialismo, até aquela atuação mais ampla que visa resolver os problemas de modo mais permanente e profundo. Um exemplo disso seria não somente fornecer alimento para uma pessoa ou família, mas proporcionar-lhe meios de educação, capacitação profissional e oportunidade de trabalho para que ela mesma possa ganhar o seu sustento, libertando-se da dependência externa. O objetivo mais elevado e complexo da ação social cristã seria a transformação das estruturas sociais e econômicas do país, visando à eliminação das causas da pobreza, a correção das injustiças sociais, a melhor distribuição de renda e assim por diante. Nesse último caso, os cristãos e as igrejas precisam atuar junto ao poder público, a classe política e as diferentes instituições da sociedade. [2].
2. Servindo à Igreja de Cristo.
Devido às circunstâncias difíceis em que viviam os primeiros cristãos, o Novo Testamento dá mais ênfase ao serviço cristão voltado para os irmãos na fé. Mas fica implícito que a prática de beneficência devia aplicar-se também aos de fora. A história da igreja mostra que foi exatamente isso que os cristãos fizeram, desde o princípio. Cristo proferiu muitos ensinos sobre a prática da justiça e da misericórdia (Mt 5.6-7; 19.21; 23.23), especialmente através de suas parábolas (Mt 25.34-40). Acima de tudo, ele exerceu misericórdia, socorrendo continuamente os sofredores (Mt 4.23; 9.2,6,36; 12.9-13; 14.14,19; 15.30). À guisa do AT, Jesus insistiu que meras palavras e atos externos de religiosidade não são suficientes na vida com Deus (Mt 7.21-23), e sim os frutos, a prática da fé (vv. 16-20,24). Lucas dá uma ênfase especial aos sofredores, aos excluídos, aos membros mais frágeis da sociedade, como as mulheres, as crianças, os enfermos e outras categorias. Diversas parábolas e episódios do ministério de Jesus que revelam o seu interesse pelos marginalizados são exclusivos do terceiro evangelho (o filho da viúva de Naim: 7.11-15; a mulher com hemorragia: 8.43-48; o bom samaritano: 10.29-37; o filho pródigo: 15.11-24; os dez leprosos: 17.11-19). Lucas também arroja-se sobre a temática ‘pobreza e riqueza’ (1.52-53; 4.18-19; 6.20-21,24; 12.13-21; 14.12-14; 16.19-31). De igual forma, a temática social continua presente no segundo tratado, Atos dos Apóstolos mostra como a vida da comunidade cristã original era caracterizada pelo compartilhamento dos bens de modo igualitário, ainda que esse não fosse um modelo para todos os tempos e lugares, apontava para a importância da solidariedade e generosidade entre os seguidores de Cristo. O discurso de Pedro na casa de Cornélio destaca a prática da misericórdia no ministério de Jesus (10.38). Já no seu nascedouro a igreja sentiu a necessidade de estruturar as suas atividades caritativas através da eleição de homens especialmente voltados para esse ministério (At 6.1-6). É patente também, a preocupação de Paulo com a beneficência cristã. Um tema que ocupa bastante espaço em algumas de suas cartas é a oferta levantada por ele junto às igrejas gentílicas para os crentes pobres de Jerusalém (1 Co 16.1-4; 2 Co 8.1-9.15; Rm 15.25-28; At 24.17; Gl 2.10). A seção prática de suas epístolas contém muitos ensinos sobre o serviço cristão e exortações ao mesmo (Rm 12.8,13,17,20; 1 Co 11.22; 12.28; 16.15; Gl 6.2,9-10; Fp 4.10-19; 1 Ts 4.9-12; 2 Ts 3.6-15; 1 Tm 6.17-19; Tt 3.8). As epístolas gerais igualmente possuem diversos preceitos nessa área (Hb 13.1-3; 1 Pe 4.9-10; 1 Jo 3.17-18). A carta de Tiago, devido ao ser caráter prático e seu teor veterotestamentário, aborda a temática social de modo muito insistente (1.9-11,27; 2.1-7,15-17; 5.1-6).
III. CONCLUSÃO
A lição mostra que os apóstolos sabiam delegar as tarefas. Infelizmente, hoje, há uma liderança centralizadora na maioria das igrejas e não permitem que outros façam algo em prol da igreja e do próprio líder. Muitos líderes se sobrecarregam com funções que poderiam ser divididas e confiadas à homens fiéis no desempenho da Diaconía, o que acarretaria num maior tempo para dedicar-se ao ofício dos Presbyteroi. O Homem por mais capacitado que seja, não exercerá a contento as diversas funções. Por isso Deus permitiu que fossem escolhidos sete discípulos, os quais serviriam às mesas, enquanto os apóstolos se dedicariam ao estudo e a meditação das Escrituras, a fim de que estivessem em condições de ministrar o ensino bíblico.
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