INTRODUÇÃO
As experiências com o Senhor é algo de suma importância na vida cristã. A experiência com Deus, faz com que o homem, mesmo estando diante de grandes dificuldades, permaneça de pé. Foi assim com o apóstolo Paulo: suas visões e revelações recebidas da parte de Deus, muitas vezes atuaram como uma âncora da alma. Vejamos o que o apóstolo diz neste texto: “Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à “visão”celestial” (At 26. 19).
I - A GLÓRIA PASSAGEIRA DE SUA BIOGRAFIA
Mais do que nunca, Paulo tinhas seus motivos para se exaltar, porém, não é o que vemos nas palavras do apóstolo: “Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (II Co 11. 30). Paulo, neste versículo, termina a longa lista de dificuldades e sofrimentos que o assaltavam, enfatizando as suas debilidades e fazendo delas a sua glória; pois sabia que, ao assim falar, a glória realmente deveria ser atribuída ao Senhor Jesus Cristo, por meio de quem toda energia divina lhe era conferida, tornado-o capaz de suas realizações apostólicas. Assim sendo, apesar dele ter sido capaz de dizer que trabalhara mais abundantemente do que todos eles, incluindo até mesmo os verdadeiros apóstolos (o que seus oponentes de corinto não eram), todavia, esse labor fora realizado através da graça de Deus em sua vida. “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”. (IICo 15. 10).
1.1 Uma glória passageira.
“O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e farto de inquietação. Sai como a flor, e murcha; foge também como a sombra, e não permanece. Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles” (Jó 14.1-2,4). Paulo, sem dúvida, conhecia bem de perto esta verdade, e jamais ele iria cair na tentação de pensar ser ele algo ou alguém, além daquilo que Deus havia determinado. “E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus” (I Co 15. 8-9).
1.2 Uma glória permanente.
Fica muito claro, que, embora o apóstolo, forçado pelas circunstâncias, tenha sido obrigado a relatar, mais do que em qualquer outra epístola, uma boa parte da sua biografia. “Fui insensato em gloriar-me; vós me constrangestes” (II Co 12.11a). O seu objetivo principal não era sua autopropagação, e sim, uma “insensata” justificativa dos seus serviços prestados na obra do senhor. “Outra vez digo: Ninguém me julgue insensato, ou então recebei-me como insensato, para que também me glorie um pouco. O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas como por insensatez, nesta confiança de gloriar-me” (II Co 11.16-17). Contudo, sabemos e testificamos, que nos ensinos de Paulo, o que era de maior importância não era o quanto se trabalha, nem tão pouco o quanto se tinha sofrido, mas, o quanto nos deixamos gastar pela obra do Senhor. “Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (II Co12.15). Sendo assim, a chama que ardia no coração do apóstolo era a certeza de que não obstante os muitos sofrimentos uma glória permanente o esperava no céu.
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).
II - A GLÓRIA DAS REVELAÇÕES E VISÕES ESPIRITUAIS
“Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe). Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar” (II Co 12.1-3). Por causa dos seus oponentes, o apóstolo se sente forçado a gloriar-se, pois eles, aparentemente, afirmavam ter visões e revelações impressionantes. Contudo, por mais que tais revelações fossem importantes para Paulo, ele aqui não as considera como prova de seu apostolado. É claro que, com isto, Paulo não estava querendo negar o valor edificante da revelação dada pelo Espírito Santo. (Podemos assim afirmar diante de suas palavras ditas nestes textos). “E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro” (I Co 14.6,26,30). Porém, Paulo estava diante de muitas afirmações fraudulentas e nenhuma das visões que eles tiveram poderia ser mais impressionante do que esta que o Espírito o impulsionou a contar.
2.1 Conteúdo das revelações.
A descrição de Paulo sobre esta revelação em visão é fascinante. Ele relata ter sido “levado até o terceiro céu” ou “paraíso”. As duas expressões são sinônimas pelo fato de Paulo usar o mesmo verbo grego (harpazo) em ambos os versos (v. 2, 4) para designar o lugar onde a revelação aconteceu. Vejamos: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu”. “Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”.
Podemos dizer, então, que o “paraíso” é um lugar celestial, na presença de Deus, onde acontecem a comunhão e a comunicação com Ele. É curioso que nesta experiência, Paulo estivesse impossibilitado de saber se estava “no corpo” ou “fora do corpo”. Talvez o esplendor do mundo espiritual de que Paulo ouviu, tenha causado a perda de toda a consciência de sua própria existência no corpo. Não foi o que aconteceu no caso de João no Apocalipse? “Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1.10). Na experiência de Paulo, a grandeza de suas revelações seria tal que, ainda que lhe fosse permitido falar delas, nenhuma palavra humana seria adequada. “e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar” (II Co 12.4b).
III - A GLÓRIA DOS SOFRIMENTOS POR CAUSA DE CRISTO
E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar” (II Co 12.7). Neste texto, Paulo narra o método que Deus assumiu para mantê-lo firme, e para evitar que se exaltasse pelas visões e revelações que tinha. Não sabemos com certeza, o que era esse espinho na carne: se um problema de saúde nos olhos, como alguns teólogos afirmam; se uma tentação; ou até mesmo, no sentido literal, un homem que o esbofeteava. No entanto, podemos afirmar que trata-se de um “espinho” que Satanás enviou para mal, mas Deus se utilizou dele para o bem.
3.1 As aflições à serviço do bem. As aflições de Paulo é aqui personificada; devido o pecado, o homem sofreu as consequências. Os sofrimentos serviram para o crescimento espiritual e contribuiu para o desenvolvimento de seu caráter. Na vida do cristão o sofrimento serve para modelar seu caráter, esse sofrimento que transforma a vida do cristão é a proporção do crente por amor a Cristo. ” Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis” (I Pe 3:14) Alguns podem não concordar com o que parece ser uma aliança profana (por exemplo, Deus está dando a Paulo algo que ele vê como “um mensageiro de Satanás”). Porém, devemos nos lembrar que, às vezes, o inimigo é apresentado como o instrumento de disciplina nas mãos de Deus. “Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” ( I Co 5.5 ). “E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” ( I Tm 1.20 ). Ele age de forma limitada de acordo com os propósitos soberanos de Deus, como no caso de Jó. “E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; porém guarda a sua vida. Então saiu Satanás da presença do Senhor, e feriu a Jó de úlceras malignas, desde a planta do pé até ao alto da cabeça” ( Jó 2.6-7 ).
3.2 A fraqueza à serviço da força. “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (II Co 12.9 ). Muitas vezes Deus não elimina nossos problemas e tentações, mas nos dá graça suficiente afim de não termos razões de nos queixarmos. A graça significa a boa vontade de Deus para conosco, e isso é suficiente para nos fortalecer e consolar em todas as aflições e angústias. Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Deste modo, sua graça se manifesta: Quando somos fracos em nós mesmos, então somos fortes na graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Se nos sentimos fracos em nós mesmos, então vamos a Cristo, recebemos poder d’Ele e desfrutamos mais das provisões do poder e da graça divina. “Porque quando estou fraco então sou forte” ( II Co 12.10c ).
CONCLUSÃO
Em II Coríntios 12, Paulo registrou mais uma de suas experiências, onde conta como foi levado ao terceiro céu.
Ele não dá muitos detalhes, contudo compartilha essa experiência celestial com os coríntios, com o objetivo de mostrar suas credenciais como ministro do Evangelho. Mas também para provar que é possível experimentar uma dimensão celestial enquanto ainda estamos vivendo na terra. A experiência do terceiro céu deixou uma marca permanente na vida de Paulo. A partir de então, era como se ele estivesse com um desejo maior de estar no céu. Várias vezes ele falou sobre o desejo de deixar esta vida e estar com Cristo, e considerava sua vida terrena menos atraente do que a glória de estar com Cristo.
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