Os Dons de Poder
Texto Áureo
“E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia” (At 8.6).
Verdade Prática
Através da operação de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo, o Senhor Jesus confirma a ação evangelizadora e missionária da Igreja no mundo.
Leitura Bíblica em Classe
Atos 8.5-8; 1Corintios 12.4-10
I. Introdução
Os dons espirituais formam a base do crescimento espiritual e capacita o crente para o serviço. Seu exercício é fundamental, tanto na adoração como na edificação da Igreja. Eles podem ser classificados em três grupos: primeiro, dons de revelação: palavra da sabedoria, palavra da ciência e discernimento dos espíritos. Segundo, dons de poder: fé, dons de cura e operação de maravilhas. Terceiro, dons de inspiração: profecia, variedades de línguas e interpretação de línguas. Através dos dons espirituais, o Espírito Santo opera maravilhas no seio da Igreja. Sabemos que a Bíblia não se arroga o título de livro científico mas ela encerra em suas páginas todas as áreas de estudo humano, inclusive a medicina. A diferença entre ambos reside no fato de que a medicina apenas previne e diagnostica, enquanto que as Sagradas Escrituras oferecem a cura eficaz. Hoje, veremos os dons de poder e que através destes dons, a Igreja prossegue na sua missão primordial: evangelizar.
II. Desenvolvimento
I. O DOM DA FÉ
1. Definição.
O dicionário VINE assim define o termo fé: “pistis, primariamente, ‘persuasão firme’, convicção fundamentada no ouvir, sempre é usado no NT acerca da ‘fé em Deus ou em Jesus, ou às coisas espirituais’” [1]. Em Mt 17.20 Jesus fala de uma fé que pode remover montanhas, operar milagres e curars, e realizar grandes coisas para Deus. É uma fé genuína que produz resultados: ‘nada vos será impossível’. É distinta da fé que produz salvação e da fé como fruto do Espírito. Não se trata da fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a crer em Deus para a realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas (1Co 13.12) e que frequentemente opera conjuntamente com outras manifestações do Espírito Santo, como os dons de cura e de operação de milagres e maravilhas.
2. A distinção entre o dom da fé e a fé natural.
Não confundamos este dom com a fé natural ou mesmo aquela manifestada para a conversão. A palavra de Paulo ao carcereiro de Filipos mostra a fé para a salvação: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.31) A redenção não se obtém pelos méritos, mas unicamente pela fé no Filho de Deus (Ef 2.18). O segredo do Cristianismo não é o ‘ver para crer’ e, sim, o ‘crer para ver’. A fé “é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hb 11.1). A fé natural se constitui num elemento puramente humano. Essa fé é daquele que crê que Deus existe, mas nele não deposita confiança. Qualquer pessoa pode possuí-la, independente de ser cristão ou não. É a fé que o agricultor tem quando semeia o trigo, o arroz, o feijão, com a esperança de que vai nascer. Satanás também acredita que Deus existe e tem poder, (Tg 2.19). O dom da fé é um equipamento sobrenatural, que concede ao crente poder de confiar em Deus nas ocasiões em que só um milagre pode alterar a situação. É um poder extraordinário de confiança no Senhor, capacitando para se valer dos recursos do poder divino. É um alto grau de fé, no poder e na misericórdia, mediante a qual até milagres podem ser operados (Hb 11.32-34). Este dom capacita o crente a confiar quando tudo está aparentemente perdido, sem a mínima esperança de uma solução, atua visando fazer triunfar a vontade de Deus. Aqui, o impossível se torna possível, o abstrato se torna concreto, o invisível se torna visível, e o absurdo se torna uma possibilidade. Para Deus nada é impossível.
3. Nem todos possuem o dom da fé.
A fé como dom é distribuída soberanamente pelo Espírito Santo para o proveito da Igreja onde ela for necessária. Recebemos a permissão, na verdade uma ordem, de "procurar os melhores dons", e isto "com zelo" (1Co. 12.31). É possível que este desejo sério esteja relacionado com "a medida da fé que Deus repartiu a cada um" (Rm 12.3), e a Bíblia nos incentiva a orarmos por um aumento da nossa fé. Mesmo assim, a partilha dos dons não depende da nossa vontade, mas da vontade do próprio Espírito Santo. Portanto, os charismata provêm da vontade graciosa de Deus, e são concedidos por Ele através do Espírito Santo.
II. OS DONS DE CURAR
1. Por que “dons de curar”?
Dos dons de poder, a cura estabelece a continuidade do ministério terreno de Jesus. Ele sarou a muitos e ordenou a seus discípulos: “Curai os enfermos” (Mt 10.8). Em 1Co 12.9 Paulo se refere a ‘dons de curar’. Do grego charismata e iamaton, convergindo para o português ‘dons de curar’. O fato destas palavras estarem no plural não deixa dúvidas de que se trata de ‘dons especiais. A Bíblia de Estudo Plenitude comentando 1Co 12.8-11, afirma: “Os dons de curar são aquelas curas que Deus realiza sobrenaturalmente pelo Espírito. O plural sugere, que como existem muitas doenças e moléstias, o dom está relacionado à cura de muitas desordens” [2]. Já a Bíblia de Estudo Pentecostal traz o seguinte: “O plural indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus [3].
2. Os propósitos dos dons de curar.
A fim de que a missão da Igreja não pudesse ser limitada à capacidade de simples iniciativa humana, o Espírito Santo fornece dons especialmente designados e distribuidos. A clara intenção é que a cura sobrenatural dos doentes deve ser um ministério permanente, estabelecido na Igreja ao lado e favorecendo a obra de evangelização do mundo. Isso vale para hoje – eterno – ‘porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento’ (Rm 11.29) [4]. A Igreja é a expressão de Cristo, pois ela é o seu corpo dinâmico na terra (1Co 12.12,27). Quando pregamos a Cristo, demônios são expulsos, oramos e impomos as mãos sobre os enfermos, o fazemos em nome do Filho de Deus. Os dons de curar são especiais para a libertação de vários tipos de enfermidade. Eles atuam em prol da saúde do povo de Deus e da conversão dos que não conhecem a Cristo. Como o dom da fé, os dons de curas não são concedidos a todos os crentes (cf 1Co 12.11,30), todavia, todos nós podemos orar pelos enfermos e havendo fé, eles serão curados.
3. Os dons de curar e a doutrina da salvação.
Aquele que recebe o dom de curar deve ser cônscio de que não pode curar indiscriminadamente quem quer; para que haja a cura é necessário que haja fé por parte do doente e também da permissão de Deus, ou seja, a cura do indivíduo depende do querer de Deus para com ele naquele momento. A Bíblia afira que, por onde os apóstolos passavam, os milagres e as curas aconteciam, e o povo era liberto ao ouvir a mensagem do Evangelho. É necessário saber que as curas divinas convenciam as pessoas do poder salvador de Jesus. Filipe exerceu o poder de cura e libertação (At 8.5-7). Sem dúvida alguma, a pregação do Evangelho, acompanhada por sinais e prodígios, promove a fé e a conversão de muitas almas a Cristo. Negar este fato é negar a própria fé pentecostal. Os dons de curar devem estar presentes na Igreja hoje para promover a fé e a ousadia na pregação do Evangelho e, principalmente, para que ela não caia na rotina e mero formalismo.
III. O DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS
1. O que é a operação de maravilhas?
É algo sobrenatural (2Rs 4.1-7); algo que vai contra todas as leis da natureza (2Rs 4.32-37); algo que vai contra as leis da química e da física (2Rs 6.1-7); algo que está acima da compreensão e raciocínio humano, capaz até mesmo de mudar toda a ordem universal (Js 10.12-13). Existem três termos gregos identificados com o dom de maravilhas: dunamis, que significa poder, sem o qual não haveria milagres; teras, algo estranho que leva o observador a se maravilhar; maravilha, correspondendo ao que é assombroso e admirável, e semeion, que encerra o sentido de sinais. Portanto, sinais e maravilhas estão na mesma magnitude de milagres. Pedro, em seu sermão no dia de Pentecostes, asseverou: “Varões israelitas, escutai estas palavras: a Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (At 2.22). O sinal tem o propósito de apelar para o entendimento, a maravilha apela para a imaginação, o poder (dunamis) indica que a sua fonte é sobrenatural [5]. Dom de operação de Maravilhas, portanto, é a capacitação sobrenatural que o Espírito Santo concede a Igreja de Cristo para que esta realize sinais, maravilhas e obras portentosas, incluindo algumas como a ressurreição de mortos (Lc 7.11-17), e intervenção nas forças da natureza (Ex 14.21); incluindo os atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contra satanás e os espíritos malignos (Jo 6.2).
2. A atualidade do operação de maravilhas.
Os dons são dados à igreja para a sua própria edificação (1Co 14.12), levando-a a manter e a desenvolver sua unidade no corpo de Cristo (Ef 4.4-6). Podemos ver isso através dos ministérios espirituais, e dons espirituais. O objetivo da Igreja como o corpo de Cristo é executar as ordens da cabeça, o próprio Cristo. (Ef 4.16). Sem exceção, maravilhas acompanharam o ministério de pregação dos líderes da Igreja primitiva. Pedro, em seu sermão registrado em At 2, relembrou às pessoas de que a credibilidade de Jesus baseava-se em seu ministério de maravilhas. Essa mesma credibilidade acompanhou aqueles escolhidos para liderança, como Estêvão, Filipe, Barnabé, Silas e Paulo, bem como os apóstolos originais. Este permanece na presente era disponível à Igreja, é um dom para todos os crentes em todas as gerações. Em At 2.39, ‘todos os que estão longe’ incluem os crentes distantes, quer geografica como temporalmente.
3. A importância desse dom para a Igreja.
O dom, também chamado de operação de milagres, prodígios e sinais, se constitui em manifestações especiais do poder de Deus que fogem às limitações humanas. São superiores e inexplicáveis. Ele demonstra o poder de Deus na realização de coisas miraculosas e extraordinárias. Ex: Jesus: “Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego, e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e voltou vendo.”(Jo 9.6,7), Paulo: “Mas ele, sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum.”(At 28.5). Na operação dos poderosos sinais que envolvem os milagres, o supremo Senhor, apenas usa da forma que ele quer as leis e forças por ele mesmo criadas em socorro dos seus filhos. Isso é milagre (Leia Gl 3.5). A Igreja que ignora a atualidade dos dons, acaba por apagar o Espírito, como afirmou o teólogo holandês Abraham Kuiper: “Se os ministros não derem crédito à obra do Espírito Santo, darão pedra em vez de pão ao seu rebanho”. Precisamos enfatizar não apenas os dons de poder, mas todos os dons do Espírito, não apenas o dom de línguas ou o de profecia, mas como espirituais, desejar os mais excelentes dons; no dizer do Rev Hernandes Dias Lopes, “Hoje, quando se fala no Espírito Santo, quase só se pensa em dons, especialmente os dons de sinais. Não se pode restringir a ação do Espírto Santo aos dons. Não somos apenas carismáticos, somos pneumáticos. [...] Temos apagado o Espírito – quando tiramos o combustível que o alimenta: Palavra, oração.” [6].
III. Conclusão
Já vimos em lições anteriores que é falacioso, antibíblico e insensato o ensino de que aquele que possui um dom de operação exteriorizada (mais visível) é mais espiritual do que quem tem dons de operação mais interiorizada, menos visível. Também, quando uma pessoa possui um dom espiritual, isso não significa que Deus aprova tudo quanto ela faz ou ensina. Os dons de poder, como os demais dons, são soberanamente distribuídos pelo Espírito, continuam atuais e disponíveis à Igreja para a glória do nome do Senhor.
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