Texto Áureo: “Eis que o filho que te nascer será homem de repouso, porque repouso lhe lhei de dar de todos os seus inimigos em redor, portanto, Salomão será o seu nome, e a paz e descaso darei a Israel nos seus dias.” (1 Cr 22.9)
Introdução
Salomão foi filho do homem mais importante de todo o Israel. O rei Davi é lembrado até os dias de hoje e seu túmulo o mais visitado de Jerusalém. Davi foi guerreiro, rei e músico.
Certa vez, olhando para o conforto e a pompa de seu palácio, Davi se sentiu incomodado, pois a Arca da Aliança era guardada em uma tenda. Disse o rei ao profeta Natã: “Eu moro em casa de cedros, e a Arca de Deus se acha numa tenda.” Deus, entretanto, não permitiu que Davi construísse com suas mãos o templo, por ser ele homem de guerra. “Porém Deus me disse: Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra e derramaste muito sangue”.(1 Crônicas 28:3).
Contudo, a promessa da permissão da construção do templo foi dada a Salomão. Podemos encontrar esse registro no livro de I Crônicas 22.9,10. “Eis que te nascerá um filho, que será homem sereno, porque lhe darei descanso de todos os seus inimigos em redor; portanto, Salomão será o seu nome; paz e tranqüilidade darei a Israel nos seus dias. Este edificará casa ao meu nome; ele me será por filho, e eu lhe serei por pai; estabelecerei para sempre o trono do seu reino sobre Israel.” Assim aconteceu e Salomão recebeu de Deus riquezas e sabedoria.
A Palavra de Deus relata, em Salmos 111:10, que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, ou seja, enquanto houver o temor de Deus dentro do homem, haverá sabedoria. Cessando, no entanto, esse temor, a sabedoria desaparece.
Deus fez de Salomão o homem mais sábio e inteligente do mundo, garantindo que após ele não viria outro com tanta sabedoria. “…dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá.”
Em virtude de sua sabedoria, justiça e riqueza, foi afamado no mundo inteiro. Trouxe honra e glória ao Nome do Senhor, pelo uso dos talentos, habilidades e riqueza que recebeu, trazendo paz e harmonia a Israel e espalhando a verdade da Palavra de Deus aos reinos vizinhos.
Esse mesmo homem se entregou à idolatria de imagens. Mas como pode ser isso? O homem mais sábio do mundo cometer um dos pecados mais abomináveis aos olhos de Deus? A explicação é muito simples: Salomão perdeu o temor e, sem ele, cessou a sabedoria. Passou a ser escravo de seus sentimentos, perdeu a visão.
Seu desejo carnal gritou com mais força e Salomão sucumbiu à sua paixão por mulheres idólatras, cometendo, assim, graves ofensas contra Deus. Por conta disso, colheu um período de trevas em sua vida como resposta a seus pecados. Salomão caiu da glória para a desgraça. Seu erro foi esquecer a única e verdadeira Fonte de sua sabedoria e poder.
As coisas começaram a acontecer gradualmente. À medida que Salomão mudava suas prioridades e conceitos do que constitui a verdadeira grandeza, também mudava a maneira com que governava seu reino.
Quando começou a dar glória a si próprio em vez de dá-la a Deus, seu desejo por prazeres cresceu gradativamente. Não havia mais felicidade em Salomão, após experimentar tudo debaixo do sol, pois não havia mais paz em seu coração. “Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento”.(Eclesiastes 2.17)
Conclusão: ainda que o homem se supere em honra, riquezas, fama, poder e prazer, jamais conseguirá a felicidade plena fora dos preceitos de Deus. Somente o Senhor é capaz de oferecer ao homem a alegria que traz regozijo à alma.
“Assim como você não conhece o caminho do vento, nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas.” (Eclesiastes 11:5).
Davi na História da Sucessão (2 Sm 9-1 Rs 2)
A partir de 2 Sm 9 começa a história da família de Davi. Essa narrativa se estende até 1 Rs 2, que contém o fim da história da sucessão ao trono de Davi. Aqui se trata mais propriamente das peripécias relacionadas à sucessão de Davi no trono.
Sobre a história da sucessão no trono de Davi, temos em mãos uma obra historiográfica excelente, possivelmente contemporânea em seu cerne, que foi inserida no conjunto da exposição deuteronomista da história de Israel: 2 Sm (7) 9-20 e 1 Rs 1-2. Ela descreve os acontecimentos desencadeados, durante o tempo de vida de Davi e logo após sua morte, pelos problemas da sucessão no trono e responde à pergunta de como, após consideráveis dificuldades e desvios, ocorreu o estabelecimento da dinastia davidica.
A narrativa da sucessão no trono de Davi constitui, do princípio ao fim, salvo raras inserções, uma unidade literária. Nisto difere das grandes exposições que temos analisado até aqui e que constituíram evidentemente, a partir de uma quantidade enorme de unidades, histórias originariamente independentes. Sob o aspecto literário, pois, é uma exposição histórica com certas pretensões. Sua coesão quase perfeita garante uma unidade espiritual e teológica bem maior que era possível em escritos compostos de fragmentos que já traziam, cada um deles, sua marca individual.
Davi construiu um governo onde quase todos os setores estavam centralizados na sua pessoa. Isso suscitou mais tarde o problema da sucessão. Davi tinha muitos filhos com diferentes mulheres e durante quase todo o seu reinado não se manifestou a favor de nenhum deles. Essa atitude provocou rivalidade dos príncipes entre si e em Israel havia o costume de seguir uma liderança carismática.
Começa a disputa entre seus filhos para convencer o povo qual deles era o próximo a exercer a função pai (2Sm 15,1-6,1 Rs 1,5). Para dar continuidade à dinastia teria de ter uma instituição e esta deveria ser estabelecida pela vontade designativa de Javé. Surge a partir de então a ideologia real que legitimou Davi como filho de Javé e assegurou a sua continuidade.
Está bem claro que o tipo e o caráter da estrutura do reino davídico praticamente impunha uma consolidação institucional da monarquia nos moldes de uma dinastia assim. Davi esteve confrontado com o problema de sua sucessão, ao menos desde o momento em que seu reino se completou e ele estava destinado a ser o único problema que, em sua brilhante carreira ele não conseguiu resolver a contento.
Após a morte de Saul pairava uma suspeita, tendo em vista que os filisteus
foram grandes inimigos do povo de Israel. Havia os que acreditavam que conspirou contra os sucessores de Saul, eram parentes do rei como foi Simei (2Sm 16, 5-8). O povo do norte só pediu-lhe que fosse rei de Israel depois que Isbaal e Abner foram assassinados em circunstâncias estranhas.
As tendências centralizadoras, o sistema de distribuição, a administração que apresentava chancelaria, secretariado, um harém, a corvéia e uma corte sofisticada,provocou desestrutura na infra-estrutura tribal e empobrecimento dos camponeses.
Esses acontecimentos ocasionaram vários movimentos de rebelião no meio das tribos (2Sm 20,1). Havia entre os familiares de Saul os que duvidavam do seu comportamento (2Sm 3,1). Apesar de Davi ser casado com Mical, filha de Saul, eles não tiveram filhos. Isso minou as esperanças de ganhar a simpatia dos seguidores de Saul. Pairava a suspeita que ele havia conspirado para ser rei (2 Sm 16,8).
Davi não lançou tributos sobre as tribos de Israel, mas o recenseamento trouxe fundamentos de uma reorganização fiscal, como também o recrutamento que buscou contingentes israelitas para servir no exército com baixo custo, o que afetava as forças de produção. As tribos do norte acreditavam que ele teria favorecido a tribo de Judá (2Sm 19,41-44).
Entre os reinos do Norte e do Sul existiam diferenças e tensões de ordem teológica, institucional, social e econômica. As tribos do Norte tinham suas preferências pelas antigas tradições (o binômio “Moisés- Sinai”). Parecia-lhes que a monarquia dinástica introduzida por Davi não respeitava suficientemente os direitos do povo, posto que não tinha voz na hora de eleger reis. Eles viam-se submetidos a trabalhos forçados (1Rs 5,27-32; 9,15-21), serviços próprios de escravos e prisioneiros de guerra. Enfim sentiam-se discriminados.
Davi cometeu diversas falhas e se mostrou fraco para com seus filhos, o que revelou um exemplo negativo. A rebelião de Absalão, filho de Davi, começou com um incesto. Ammon, filho mais velho, enamorou-se de sua meio irmã Tammar. Ele a violentou e depois a humilhou. Davi não repreendeu ao filho, atitude que levou Absalão à indignação e tramar a morte do irmão. Após dois anos, Absalão assassinou Ammon a sangue frio. Para Lamadrid (1996, p. 82), “o núcleo principal da história da sucessão é formado pela seção de Absalão”. A rebelião de Absalão provocou uma série de crises e dissensões que colocaram em jogo a estabilidade do rei Davi e do seu reino.
Absalão ficou afastado do país por três anos, indo para junto do seu avô paterno e aguardando que a ira do pai aplacasse. Voltou graças à interferência de Joab (2Sm 14, 1-23). Davi não o recebeu na corte por mais dois anos. Logo depois, Absalão começou a planejar uma rebelião, mostrando-se simpático aos problemas do povo, ouvindo suas queixas e conquistando as graças e a aprovação dos israelitas (2Sm 15,1-6). Mentiu para o pai alegando o cumprimento de um voto. Foi para Hebrom e lá se ungiu rei, o que pode ter sido uma surpresa para Davi. Muitas pessoas apoiavam a Absalão, inclusive os familiares de Saul. Ele aproveitou-se das queixas do povo e ganhou adeptos em Judá e até entre os conselheiros de seu pai.
Aitofel era avô de Bate-Seba e ele provavelmente não perdoou a Davi por ter seduzido sua neta e ordenado a morte do seu marido Urias.
Nem todos apoiaram a Absalão, que era um iniciante. Davi tinha a seu favor a maior parte da corte, as autoridades sacerdotais e sua tropa pessoal. Um conselho derrotou Absalão. Entre Husai e Aitofel, Absalão optou por ouvir a Husai que o orientou a mobilizar todo o exército popular de Judá e Israel e derrotar o rei Davi e seu exército em campo aberto (2Sm 17).
A batalha ocorre na floresta de Efraim (2 Sm 18). Davi ficou em Maanaim,
enviando Joab, general do seu exército de mercenários, para lutar contra Absalão.
Na batalha, Absalão e seus seguidores são derrotados. Ainda neste confronto entre Joab e Absalão, Joab mata Absalão com uma facada, desobedecendo à ordem expressa do rei Davi para poupar a vida de Absalão. Com este ato, a rebelião chegou ao fim.
Com a vitória, Davi se prepara para retornar a Jerusalém. A tribo de Judá
tinha dado apoio ao filho rebelde. Ainda assim, Davi aceitou ser conduzido para Jerusalém pela casa de Judá, tratando-os com cordialidade (2Sm 19,12).
Nesse momento desenvolveu-se outro levante inciado por Seba, um benjaminita que se declarou em oposição ao rei. Davi, então, convoca Amasa para suprimir a rebelião. E promete a ele que iria colocá-lo no lugar de Joab, pois este tinha assassinado Absalão contra a sua expressa ordem. Esse levante evidenciava que Israel do norte tinha receios contra a monarquia. Como Amasa estava demorando, o rei enviou suas tropas pessoais. Quando Amasa aparece com sua tropa, Joab mata-o com sua espada traiçoeiramente e retoma o comando.
O emprego da violência evidenciou a fragilidade da unidade do norte com o sul, uma previsão da futura divisão. E a imagem de Davi saiu prejudicada; para alguns era o rei, para outros, um tirano. O drama da sucessão davídica perdurou. Davi envelheceu e não se manifestava a favor de nenhum de seus filhos. A sua atitude reservada provocou a rivalidade entre os herdeiros. Com a morte de Amon e Absalão, Adonias, filho de Davi, era o próximo na linha de sucessão e acreditava ser o herdeiro da coroa. Ele contava com o apoio de Joab que não mais contava com a estima de Davi e do sacerdote Abiatar. Estes eram influentes conservadores e providenciariam para que ele fosse ungido rei.
Salomão era filho de Bate Seba que descendia da nobreza citadina jebusita de Jerusalém. Seus interesses eram defendidos por Zadoque, Natã e Benaia. A atitude de Adonias em se proclamar rei levou-os a pedir a Davi que agisse rápido e tomasse uma decisão a favor de Salomão. É possível que ele prometeu a Bate Seba o trono para seu filho (1Rs1,17). O rei consagrou a Salomão ordenando a sua tropa que o escoltasse e o ungiu em Giom (1Rs 1,38-40). A população de Jerusalém se juntou na celebração pública; Salomão não apresentava dons carismáticos, mas é convocado pelo pai a obedecer à lei de Moisés (1 Rs 2 ,1-12).
Salomão, ao assumir o trono, procurou eliminar qualquer possível conspirador. Adonias, após a tentativa frustrada de sua coroação, pede indulto ao rei, mas logo reivindica a Abisague como esposa, com este gesto procurava dar ao povo a impressão de ser ele o verdadeiro rei. Abisague era considerada esposa do falecido rei Davi. Salomão aproveitou-se do fato e mandou executar a seu irmão.
Abiatar foi banido para Anatote. Joab foi executado e Simei ficou sob livramento condicional. Salomão chegou ao poder com um império já formado. Com ele, iniciou a dinastia davídica da família de Judá.
O amor e o ódio, as intrigas, a ambição, as humilhações, a astúcia e as provas de verdadeira fidelidade desfilam diante do leitor pensativo, sem que se censure as suas sombras ou se exalte a sua luz. O historiador conservou sempre a sua liberdade em face do rei, aquele que era absolutamente único em todo o Oriente Próximo. Não procurou manter artificialmente a tenção do leitor. Fugiu do sensacionalismo e da prolixidade. Guardou, em sua obra, o espírito de perfeita distinção.
Na narrativa da sucessão von Rad ( 1973, p. 304) afirmou que o historiador
teve a intenção de familiarizar o leitor com a complexidade política do novo reino,sendo que Davi foi “o homem de violentos contrastes”.
Conclusão
A história da ascensão e a história da sucessão de Davi nos permitem
concluir que elas não seguiram juntas uma linha única e reta do começo até o final.
A narrativa da ascensão de Davi segue uma linha sempre ascendente do
personagem. Ela constitui o maior arsenal de dados sobre a trajetória de Davi junto ao rei Saul, sua vida na corte, passando pela perseguição do rei, sua fuga para o país de Gat e suas relações de vassalagens junto aos filisteus até a morte de Saul, quando então retorna para a sua terra e se torna rei das tribos de Judá e sete anos mais tarde de todo o Israel.
As divergências na narrativa da ascensão de Davi delineiam redações paralelas e em alguns casos versões diferentes, que sugerem uma reavaliação da imagem positiva do pastor que chegou ao reinado em Israel.
Nos capítulos 16-22 de 1 Sm encontramos vários relatos duplicados ou triplicados que apontam sempre na mesma direção: exaltação de Davi e humilhação de Saul. Por três vezes Davi toca sua lira para alegrar Saul, que reage agressivamente. Em duas ocasiões, Saul oferece a Davi alguma de suas filhas em casamento. As intervenções de Jônatas, filho de Saul, a favor de Davi, repetem-se várias vezes. Em diversas ocasiões, Davi foge de Saul, e por duas vezes se recusa a matá-lo. Por duas vezes procurou refugiar-se no país de Aquis, rei de Gat... Todos esses desdobramentos e repetições formam uma barreira de relatos que giram em torno do mesmo eixo central: a ascensão de Davi e o declínio de Saul.
Antes de Davi ser elevado ao trono, Saul tomou atitudes cruciais que não tiveram apenas conseqüências políticas, militares e religiosas em Israel, mas também um efeito significativo sobre a história de Davi. Na hora de comparar estes dois personagens, são significativos os feitos de Davi quando se tornou rei em Israel.
Ele organizou o exército, trouxe a arca para Jerusalém transformando-a centro
político e religioso e herdeiro das promessas de Deus na questão sucessória. As vozes críticas e negativas em relação a Saul são características do autor da história da ascensão de Davi. Esse ponto de vista originou-se nos conflitos entre Saul e Davi que era escolhido e orientado por Deus. O autor salienta a inveja, a oposição e a perseguição do rei a Davi.
Na história da ascensão, o autor procura não deixar dúvidas sobre o bom caráter de Davi. Ele chegou a ser rei em Israel não usurpando o lugar de Saul, mas chegou ao reinado pela unção do profeta de Deus, pela estima do povo, dos filhos de Saul, Jônatas e Micol e por sua conduta ilibada.
É preciso, contudo, recordar que a história da ascensão de Davi não constitui
uma verdadeira obra de história política em Israel. Esta história reflete uma ideologia que se esforça por apresentar o rei Davi sob a luz mais favorável, eliminando suspeitas e conjecturas que poderiam prejudicar a sua imagem. Este dado deve ser levado em conta, pois foi usado para justificar a legitimidade dos descendentes de Davi no trono.
O pacto de Deus com Davi e sua dinastia será o aval e o argumento que mantém alta a moral e viva a esperança do povo, nos momentos difíceis. Enquanto permanecer acesa a “lâmpada de Davi”, nada estará definitivamente perdido (1Rs 11,36; 15,4: 2 Rs 8,19). A profecia de Natã constitui o ponto de partida do chamado messianismo real, ou seja, a promessa ultrapassa Salomão, primeiro sucessor de Davi (v.13) e projeta-se para o futuro, à espera do rei ideal (Is 7;9 11; Mq 4-5, etc).
A imagem de Davi na história da sucessão se mistura a variadas percepções.
A característica mais saliente da narrativa da sucessão é a história da família e das pessoas que cercavam o rei Davi. Os acontecimentos que se seguem concentramse na pessoa de Davi e verifica-se o fenômeno contrário do Davi na história da ascensão. No caso do adultério com Bate-Seba e da morte do seu marido Urias, o autor responde a uma nova situação e descreve um Davi mais próximo da sua humanidade. Neste mesmo nível, o autor revela a fraqueza e covardia do rei.
A grandeza e a fidelidade de Urias contrastam com a baixeza e a mesquinhez de Davi. São como que dois painéis de um mesmo díptico, feito de luz e de sombras(...). Urias aparece no quadro moral pintado pelo autor de 1 Sm 11 como o protótipo de lealdade ao seu rei, da solidariedade aos colegas de armas e de devoção ao Deus presente na arca. É o painel de luz, de nobreza, de fidelidade. O painel de sombras cabe a Davi, convertido em prisioneiro das paixões mais vis e abjetas, que o levam a recorrer a artimanhas inconfessáveis para manter a imagem e as aparências, enquanto executa propósitos criminosos.
Na história da sucessão de Davi, os aspectos de sua vida familiar são descritos com senso de realidade. A despeito das informações prestadas, existem argumentos verdadeiros e próximos da realidade humana. Na história da ascensão pairam indagações e desconfianças sobre a progressiva “ascendência e magnanimidade” de Davi. O autor mostra a vinculação de Davi com Deus ao reconhecer o seu pecado diante do profeta Natã (2 Sm 12), mas também não suaviza a atitude do profeta em pronunciar diante do rei o seu erro. Davi, até ser descoberto pelo profeta, viveu um período de hipocrisia e de enganos para com todos que estavam a sua volta. Ele não mais fugia do seu perseguidor sem saber qual era a sua culpa como na história da ascensão; pelo contrário Davi cometeu adultério voluntário e conscientemente escondeu o fato dos que estavam a sua volta.
Os dados anteriores demonstram que o autor da “História da sucessão ao trono” adota diante de Davi uma posição muito distinta da tomada pelo autor da “História da subida ao trono”. Não é a defesa a todo transe do monarca. Pelo contrário, em muitos momentos temos a impressão de que se trata de um ataque sistemático. Os traços positivos são escassos e é preciso procurá-los com lupa. Dominam as sombras.
A história da sucessão se desencadeia numa série de brigas e assassinatos entre os filhos de Davi. São muitas as facetas de Davi e é possível verificar os degraus descendentes no seu caráter; o autor não nos surpreende ao revelar os problemas internos da família de Davi. Aos olhos do autor, a imagem de Davi é plural, o quadro que se apresenta não são fatos isolados nem improvisados, mas tudo transcorre em função da seqüência de erros e da ausência de Davi com relação aos seus filhos.
Respostas:
1 – Eles desejavam o poder.
2 – Aponta para o futuro e prediz o reino eterno do Messias.
3 – O conhecimento e cumprimento das leis imutáveis de Deus.
4 – Salomão reconheceu os atributos divinos, demonstrou humildade e senso de justiça.
5 – Resposta pessoal.
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